A Lista Dos Perfis Psicológicos. Juan Moisés De La Serna
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A
lista
dos
Perfis
Psicológicos
Juan Moisés de la Serna
Traduzido por Susana Franco
Edições Tektime
2019
“A lista dos Perfis Psicológicos”
Escrito por Juan Moisés de la Serna
Traduzido do espanhol por Susana Franco
1a edición: octubre 2019
© Juan Moisés de la Serna, 2019
© Edições Tektime, 2019
Reservados todos os direitos
Distribuído por Tektime
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Prólogo
― No início não havia nada, a não ser a luz. Pelo menos isso era o que me tinha dito, e também que isso seria, precisamente, o que veria nos meus últimos momentos. No entanto, aquilo não era o que eu esperava. Sentia-me estranhamente leve, como se todas as preocupações que me andavam a atormentar nestes dias se tivessem desvanecido. Nem sequer a pressa que me fizera acelerar tanto na estrada, tinha agora o mínimo interesse para mim. Sentia-me tranquilo, leve, sem preocupações.
Parecia ver tudo agora com mais clareza e perspetiva. Na verdade, tinha desperdiçado demasiado tempo da minha vida com tanto esforço desnecessário em aparências e para conseguir alcançar mais do que os outros, que agora tudo me parecia tão banal.
Dedicado aos meus pais
Índice
CAPÍTULO 5. O REGRESSO A MALTA
CAPÍTULO 6. O DIA DO JULGAMENTO
CAPÍTULO 1. O CONVITE
― No início não havia nada, a não ser a luz. Pelo menos isso era o que me tinha dito, e também que isso seria, precisamente, o que veria nos meus últimos momentos. No entanto, aquilo não era o que eu esperava. Sentia-me estranhamente leve, como se todas as preocupações que me andavam a atormentar nestes dias se tivessem desvanecido. Nem sequer a pressa que me fizera acelerar tanto na estrada, tinha agora o mínimo interesse para mim. Sentia-me tranquilo, leve, sem preocupações. Parecia ver tudo agora com mais clareza e perspetiva. Na verdade, tinha desperdiçado demasiado tempo da minha vida com tanto esforço desnecessário em aparências e para conseguir alcançar mais do que os outros, que agora tudo me parecia tão banal. De repente lembrei-me dos melhores momentos da minha vida, quando estava com os meus pais, na altura em que eu ainda era uma criança; e na minha adolescência, com o meu primeiro amor; e até do meu casamento e dos meus filhos. E, em contrapartida, não havia nem rasto dos meus grandes êxitos pessoais ou pelo menos aqueles que eu considerava como tal, como a minha graduação, o meu primeiro emprego ou as minhas promoções. Também não vi nada do que tinha conseguido alcançar, como a minha casa, o chalé ou o carro. Apenas via episódios cativantes, cheios de amor e ternura, que me reconfortavam e me faziam pensar que aquilo era precisamente tudo o que realmente importava na vida – o amor incondicional – e não aquilo que alcançamos ou desejamos alcançar.
― Muito bem! Está a fazer progressos. Cada vez tem mais consciência do que lhe aconteceu, embora ainda pareça ter algumas falhas.
― O doutor acha que falar disto vai-me ajudar a lembrar?
― É a única forma que conheço. Quando alguém passa por uma situação como a sua, em que esteve tão próximo da morte, e além do mais, com as consequências que isso lhe deixou, é importante falar disso.
― Mas, porque é que não me lembro de mim? Porque é que não sei nada do meu passado, nem sequer da minha pessoa?
― Querido, tu tens de focar-te é naquilo de que te lembras, mesmo que sejam momentos após o acidente. Eu podia dar-te alguma informação sobre o relatório dos bombeiros que participaram no teu resgate, mas preferia que fosses tu a lembrar-te disso ― indicou a mulher que estava sentada ao seu lado.
― E se eu nunca chegar a recuperar a memória? ― Protestou, enquanto se remexia naquele sofá estofado, desgastado pelas horas que ali haviam passado as centenas de pacientes que, anteriormente a ele, se tinham recostado para escutar o doutor. ― E se não voltar a lembrar-me de quem sou?
― Normalmente isto é superável, apenas tem que ter muita paciência e sobretudo confiança na natureza humana, já que, embora nos pareça inacreditável, quase tudo se soluciona por si mesmo, no seu devido tempo.
― Já aconteceu? Refiro-me a um caso como o meu que se tenha solucionado.
― Não com as mesmas características ― afirmou o psiquiatra enquanto acabava de fazer algumas anotações no caderno que utilizava para registar a sessão.
― Então como pode ter tanta certeza de que irei recuperar a memória? ― Insistiu o paciente enquanto se endireitava, ao escutar o tom melodioso do relógio, assinalando o fim da sessão.
― Não se desespere, tudo a seu tempo. Por agora seria bom que se focasse nesses sentimentos que me descreveu, que de certa forma são muito positivos. Tomara que tivesse sido assim tão positivo antes. ― Disse o psiquiatra com um leve sorriso, enquanto colocava a esferográfica, que usava para escrever naquele caderno, atrás da orelha esquerda.
― Bem, farei o que me diz, já que, na verdade, é a única esperança que tenho de saber quem sou ― comentou enquanto se levantava e se dirigia ao psiquiatra para se despedir.
― Então, continuaremos a nossa conversa na próxima semana ― ele disse enquanto apertava a sua mão e o conduzia à porta, dando-lhe uma leve pancadinha nas costas.
Abrindo a porta, despediu-se deles com um pequeno gesto de mão, observando-os enquanto abandonavam o seu consultório. Já com a porta fechada, esperou que se tivessem passado alguns segundos e expirou vigorosamente.
“Que difícil que é para alguns deles!”, pensou para si enquanto regressava à sua secretária, onde o aguardava um sofá confortável, ricamente decorado com estampados floridos e um acabamento em madeira de mogno, que lhe dava um certo ar de dignidade, tal e qual como ele havia desejado quando o adquiriu naquele leilão de caridade.
Presumia-se que tinha pertencido a alguém da alta sociedade, a um desses nobres de Solera talvez, nada mais, nada menos do que a um visconde ou algo assim parecido… mas sem certezas disso, o que poderia afirmar era que quando se deixava cair sobre a sua almofada macia e depositava