Doce rendição. Catherine George

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Doce rendição - Catherine George


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      – Não, foi por isso que o meu irmão decidiu que o baptizado fosse durante as férias.

      – Menina Dysart, posso perguntar-lhe uma coisa?

      – Sim, claro.

      – A senhora acha que a minha mãe continuará a gostar de mim da mesma forma, quando nascer o meu irmão?

      – Garanto-te que sim, Abby. Eu tenho três irmãs e um irmão e a minha mãe gosta de nós da mesma forma.

      A menina pareceu tranquilizar-se um pouco depois de ouvir aquilo e Kate decidiu que uma dose de televisão era o melhor para esquecer as preocupações.

      Dispuseram-se a ver uma comédia, mas antes que terminasse soou a campainha. Era um homem alto, de ombros largos, cabelo loiro e expressão simpática.

      – Boa noite, é aqui que vive a menina Dysart?

      – Eu sou Katharine Dysart…

      – Tio Jack!

      – Desculpe ter chegado tarde – riu-se ele, tomando a menina nos braços. – Sou Jack Spencer. Falámos pelo telefone.

      – Sim, claro. Entre, por favor.

      – Agradeço-lhe muito por ter ficado com a minha sobrinha.

      – Não foi nada. Estivemos muito bem, não foi, Abby?

      A menina assentiu.

      – Ajudei-a a ralar queijo para o jantar e depois vimos televisão. E o papá telefonou, mas disse que o bebé ainda não nasceu…

      – Está bem, palradora. Depois contas-me. Vamos?

      Enquanto Abby foi ao quarto de banho, Kate aproveitou a oportunidade para falar com Jack Spencer.

      – Pensa que a sua mãe não vai gostar dela quando nascer o bebé. Talvez devesse comentá-lo com a sua irmã… já sabe, para falar com ela.

      – Estes miúdos… – riu-se o homem. – Não se preocupe, assim farei.

      – Obrigada.

      Abby apareceu nesse momento.

      – Obrigada por me ter dado de jantar, menina Dysart.

      – De nada. Foi um prazer. Vemo-nos para a semana que vem no colégio.

      Jack Spencer meteu a sua sobrinha no jipe e apertou o cinto de segurança.

      – Muito obrigado, menina Dysart. Não sei o que faríamos sem a senhora.

      – De nada. Posso pedir-lhe um favor?

      – Claro.

      – Importar-se-ia de me telefonar quando nascer o bebé?

      Jack Spencer sorriu.

      – Não sei se gostaria que a acordassem de madrugada. Será melhor que lhe telefone de manhã… supondo que o bebé tenha nascido.

      – Assim o espero – sorriu Kate.

      – A senhora é muito nova para ser professora, menina Dysart. É o seu primeiro trabalho?

      – Não.

      – Então deve ser mais velha do que parece… Bom, tenho que me ir embora. Obrigado outra vez.

      Kate fechou a porta, pensativa. O tio de Abby não era o que tinha esperado. Imaginava-o mais jovem, mas parecia tão capaz de colocar azulejos e levantar cimento como qualquer um.

      O telefone soou quando se ia deitar.

      – Sim…? Ah! és tu, Alasdair.

      – Desculpa desiludir-te. Parece que estavas à espera de outro telefonema.

      – Não, não estava à espera de outro telefonema.

      – A menina já se foi embora?

      – O tio dela veio buscá-la há meia hora. E eu ia-me deitar.

      – Tão cedo?

      – Hoje foi um dia muito cansativo para os professores e depois tive que consolar uma miúda preocupada com a sua mãe – disse ela, sem a preocupação de dissimular um bocejo.

      – Não queria roubar-te mais tempo, de modo que vou directo ao assunto. Que prenda compro para o bebé?

      – Não tens que comprar nada. Adam não está à espera de nenhum presente.

      – Disse-me que tu és a madrinha. O que é que compraste?

      – Pedi-lhe que procurasse algo de prata antiga no antiquário do meu pai.

      Kate esperou, sabendo que Alasdair tinha outra razão para lhe telefonar.

      – Poder-nos-íamos ter encontrado depois, quando a menina se tivesse ido embora.

      – A verdade é que não me dava jeito. Aliás, disseram-me que nos vamos ver no baptizado.

      – Não te parece bem, não é?

      – Não é assunto meu.

      – Se não queres que vá…

      – Porque não? Podemos falar dos velhos tempos – disse ela então.

      – Eu esperava fazer isso esta noite. É verdade, estou de volta a Inglaterra definitivamente. Uma promoção.

      Kate encolheu os ombros, mesmo que ele não a pudesse vê-la. Que Alasdair Drummond vivesse em Inglaterra ou nos Estados Unidos era-lhe indiferente.

      – Parabéns. Descobriste alguma droga milagrosa?

      – Mais ou menos. Conto-te quando nos virmos.

      – Alasdair, deveria ter-te perguntado isto há mais tempo… De quem era o funeral a que foste esta tarde?

      – Da minha avó.

      – Ah, os meus pêsames.

      – Obrigado. Podemos ver-nos amanhã, Kate?

      – Não, desculpa. Vou para Stavely depois do almoço. Boa noite, Alasdair. Vemo-nos no Domingo…

      – Não desligues, por favor. Se esperar até Domingo, não poderei ver-te em particular. E estou mais curioso do que nunca para resolver o mistério.

      – Que mistério? – perguntou ela, apesar de saber de que é que ele estava a falar.

      – Vá, Kate… tu sabes a que mistério me refiro. Eras a estudante de física mais brilhante de Cambridge. O que aconteceu para decidires desperdiçar o teu talento dando aulas numa vila isolada?

      Capítulo 2

      Kate conteve-se a muito custo.

      – Olha, Alasdair, já falámos disto na última vez que nos vimos e a resposta continua a ser a mesma. Eu não penso que esteja a desperdiçar o meu talento. E Foychurch não é uma vila isolada. É uma comunidade com pessoas encantadoras, de modo que estou muito bem. Eu sou uma rapariga do campo, lembras-te?

      – Lembro-me muito bem. É por isso que o que dizes não responde à minha pergunta. Os teus tutores de Cambridge pensavam que tinham encontrado uma nova madame Curie – recordou-se ele.

      – Pois enganaram-se. E agora que esclarecemos isso, boa noite.

      – Kate, escuta…

      – Não quero ouvir. Boa noite.

      Kate desligou e ficou a olhar para o céu escuro pela janela, inquieta e incomodada pelos comentários de Alasdair Drummond.

      As suas irmãs mais velhas, Leonie e Jess, eram duas pessoas muito seguras de si mesmas. Como o seu irmão Adam. Mas Kate, três anos mais nova e muito menos extrovertida, tinha compensado a sua falta de confiança com uma grande ética profissional e um cérebro que lhe conseguiu lugar na Universidade de Cambridge.

      E


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