Doce rendição. Catherine George

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Doce rendição - Catherine George


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vez, Alasdair tornou-se o seu protector. Isso aumentou a confiança em si mesma e inclusive fez com que, em seguida, muitos dos seus colegas se interessassem por ela. Mas Kate era indiferente às suas atenções, porque se tinha apaixonado loucamente por Alasdair Drummond.

      Demasiado inteligente para se enganar a si mesma, sabia desde o princípio que ele não estava apaixonado. Alasdair, cinco anos mais velho do que ela e um homem experiente, tratava-a como uma irmã mais nova, nada mais. Kate apoiava-o durante os jogos de rugby e ele convidava-a para tomarem uma cerveja de vez em quando. Mas durante todo esse tempo, o máximo que conseguiu foi algum beijo na face.

      Loucamente apaixonada pela primeira vez, estava tão frustrada que as suas notas baixaram. Então, exactamente antes de ele se ir embora de Cambridge, Kate fechou-se no seu quarto, negando-se a sair com alguém.

      Alasdair tinha encontrado trabalho numa grande empresa farmacêutica e escreveram-se durante algum tempo. Depois foi para os Estados Unidos e as cartas tornaram-se mais escassas. Só a visitou uma vez, quando Kate estava prestes a ocupar o seu lugar em Foychurch.

      Alasdair mostrou a sua decepção por aquela eleição profissional, dizendo que era um terrível erro, que não podia desperdiçar o seu talento dando aulas a miúdos da primária… e Kate descontrolou-se.

      Disse-lhe que o que fazia com a sua vida não lhe dizia respeito e expulsou-o de casa.

      E não o tinha voltado a ver até esse dia.

      Alasdair Drummond, o brilhante licenciado em Física e Química, tinha tido uma carreira exemplar. E isso, em combinação com a sua maturidade era, seguramente, um afrodisíaco para a maioria das mulheres. Mas não o era para ela.

      O telefone acordou-a às sete da manhã e Kate atendeu, meia a dormir.

      – Desculpe se a acordo, menina Dysart – ouviu a voz de Jack Spencer. – Mil desculpas.

      – Não faz mal. Já nasceu o bebé?

      – Jonh Spencer Cartwright nasceu há um par de horas e é um bebé perfeito. A minha irmã está muito bem, mas Tim quase teve um ataque de ansiedade.

      – Obrigada por telefonar – sorriu ela. – Como está Abby?

      – No sétimo céu. Ainda não viu o irmão, mas está louca para o ver.

      – Imagino.

      – Menina Dysart, a minha sobrinha disse-me que vai passar as férias com a sua família.

      – Pois, sim…

      – Quando se vai embora?

      – Depois do almoço.

      – Posso perguntar-lhe para onde vai?

      Kate fez um gesto de surpresa.

      – Para Stavely. A quarenta quilómetros de Pennington.

      – Ah, um local estupendo. Espero que se divirta.

      – Assim farei. Obrigada por telefonar, senhor Spencer.

      Não fazia sentido continuar na cama, de modo que tomou um banho, desceu para a cozinha para fazer o pequeno-almoço, limpou um pouco a casa, fez a mala e, depois, saiu para dizer ao senhor Reith, o seu vizinho, que estaria fora durante uma semana.

      Mais tarde, depois de comer, alguém bateu à porta.

      Era Jack Spencer, de calças de ganga, com um gigantesco ramo de flores silvestres na mão.

      – Bom dia, menina Dysart. Isto é para lhe agradecer.

      – Ah, que amável – sorriu ela, surpreendida. – Entre, por favor.

      – Não a incomodo?

      – Nada. Sente-se… quer um café?

      Spencer negou com a cabeça, deixando-se cair sobre o assento junto à janela.

      – Não tenho tempo, mas obrigado. Vou comprar um presente e depois vamos ao hospital para conhecer o novo herdeiro.

      Kate sorriu.

      – Suponho que Abby está ansiosa.

      – Esta manhã está diferente, menina Dysart.

      – Quer dizer que agora pareço uma professora? É porque tenho o cabelo apanhado?

      – Sim, suponho que sim. É uma pena esconder esses caracóis tão bonitos… Desculpe, talvez esteja a ser indelicado.

      – Já não tenho idade para deixar o cabelo solto.

      – Se a senhora o diz… – sorriu ele. – Mas ontem à noite parecia uma rapariguinha.

      – Não o sou, mas obrigada, senhor Spencer.

      – Chame-me Jack.

      – Penso que não seria apropriado.

      – Porque é professora de Abby?

      Ela assentiu.

      – O director do colégio trata por tu toda a gente, mas os professores continuam a chamar senhores aos pais.

      – Mas eu não sou um pai. Os tios não contam.

      Kate deixou as flores sobre a mesa.

      – Por favor, agradeça aos senhores Cartwright pelas flores.

      – Na verdade… são minhas, menina Dysart – sorriu ele então. Ao fazê-lo, apareceram umas ruguinhas à volta dos olhos e isso dava-lhe um ar muito simpático.

      – Então, obrigada. É muito amável.

      – Vim porque queria vê-la outra vez – suspirou Jack Spencer, levantando-se. – Mas tenho que me ir embora.

      – Adeus, senhor Spencer.

      – A sério que não me quer chamar Jack?

      – Não é que não queira…

      Kate não terminou a frase. Na rua da sua casa, além do jipe havia um Maserati azul-escuro.

      E Alasdair Drummond aproximava-se com uma expressão furiosa.

      Não tinha os ombros tão largos como Jack, mas era mais alto. Também trazia umas calças de ganga, mas isso era a única coisa que tinham em comum. Alasdair calçava mocassins de pele, uma polo branca de mangas compridas e um casaco cor-de-rosa que um homem menos másculo não se atreveria a usar.

      Mas dessa vez pôde observá-lo de forma mais objectiva. O seu cabelo escuro estava, como sempre, bem cortado, e parecia mais magro. Mas os olhos cinzentos eram tão penetrantes como sempre.

      – Adeus, menina Dysart.

      – Eh… ah, adeus senhor Spencer.

      Os dois homens encontraram-se no caminho, fazendo um gesto de saudação com a cabeça.

      – Olá outra vez, Kate.

      – Não esperava ver-te hoje. Não me digas que estavas de passagem…

      – Não. Pensei que pudéssemos almoçar juntos.

      – Desculpa, já almocei.

      – Com o tipo que saiu de tua casa?

      Kate não se incomodou em responder.

      – Já que vieste até aqui, convido-te para um café – disse, olhando para o relógio. – Mas tenho que me ir embora daqui a meia hora.

      – Obrigado – murmurou ele, olhando para as flores. – Se tivesse trazido um ramo de rosas, a recepção teria sido mais acolhedora?

      – Sou antipática? Desculpa, Alasdair.

      – Eu sei que estou a incomodar.

      – Não me incomodas nada. Vou fazer café.

      – Ajudo-te?

      – Não, senta-te. Fazes com que a minha casa pareça pequena.

      –


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