Casamento por conveniência. Emma Darcy

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Casamento por conveniência - Emma Darcy


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sua aparência; os longos cabelos castanhos, a franja sobre a testa, os olhos cor de âmbar, a boca ampla, a estrutura óssea do rosto, o pescoço longo, os seios fartos sob a blusa sem mangas, a cintura estreita, as ancas largas, as pernas grossas e os pés delicados calçados por sandálias.

      Era embaraçoso, como se estivesse a ser estudada por ser uma criatura descuidada que não se dava ao trabalho de cuidar do filho pequeno. O que não era verdade. Gina orgulhava-se de ser uma boa mãe. O problema era que Marco podia ser imprevisível e incontrolável em alguns momentos.

      – Soube que é viúva.

      – Sim, sou – respondeu Gina surpresa.

      – Há quanto tempo?

      – Há dois anos.

      – Talvez o menino precise de um pulso masculino.

      – Marco tem tios.

      – Você é uma mulher jovem, atraente… Não está a ser cortejada por ninguém?

      Qual era o problema daquela mulher, afinal?

      – Eu… não conheci ninguém que…

      – Era muito ligada ao seu marido?

      – Sim.

      – Isso não é bom para o menino. Passa a maior parte do dia a trabalhar, sem poder supervisioná-lo adequadamente, lutando pela sobrevivência, quando um marido poderia prover o vosso sustento e tirar essa carga dos seus ombros.

      – Eu sei, mas… – Gina balançou a cabeça. Sabia que a tia estava a ouvir toda a conversa, e temia que se ofendesse. Afinal, o emprego em part-time na florista era um favor, especialmente porque podia levar Marco com ela todos os dias.

      Se o menino passasse a criar problemas…

      Maldição! Sabia que ouviria um sermão quando Isabella Valeri King partisse. No entanto, a senhora King parecia não ter pressa. Depois de ter feito o seu pequeno sermão, ela optou por um discurso diferente.

      – Soube que também canta em casamentos.

      – É verdade. – Como é que ela sabia tantas coisas a seu respeito?

      – O seu agente enviou-me uma cassete com algumas canções. Tem uma voz adorável.

      Finalmente a compreensão.

      – Obrigada.

      – Sabe que o Castelo King é usado para a realização de casamentos?

      – É claro que sim! – Mas só para as cerimónias mais luxuosas e exclusivas.

      – Estou sempre à procura de bons cantores, e há muito tempo que ando a pensar em testar uma voz poderosa no nosso salão de baile. Lá, a acústica é diferente da de um estúdio de gravação.

      O salão de baile! Gina nunca estivera lá, mas as histórias sobre o castelo eram muitas. Estaria diante de uma oportunidade de ser contratada para cantar nos mais requintados casamentos? Poderia pedir um cachê muito mais alto. Afinal, teria de viajar de Cairns para Port Douglas, o que tornaria o trabalho mais caro. As possibilidades eram muitas e excitantes!

      – Pode ir ao castelo no domingo à tarde?

      – Sim. – Faria qualquer coisa para agarrar a sua grande oportunidade.

      – Óptimo. Às três em ponto. E leve o menino consigo. – Ela olhou para Marco e, depois de uma certa hesitação, colocou-o no chão. Era surpreendente, mas ele permanecera quieto durante todo o tempo, sem tentar libertar-se como costumava fazer. Era como se estivesse fascinado pela mulher que falava com a sua mãe com tanta autoridade. – Tu vais visitar a minha casa com a tua mãe, Marco.

      – Posso pedir a alguém para cuidar dele – sugeriu Gina, temendo que o comportamento imprevisível do filho pudesse prejudicar o seu teste.

      A sugestão mereceu um olhar severo.

      – Não faça isso. O seu filho é um menino encantador, e vou gostar de vê-lo a correr e a brincar na propriedade. Tomaremos chá e deixaremos a criança gastar energia junto à natureza.

      – É… muito generoso da sua parte. Obrigada.

      – Agora fica com a tua mãe, Marco. E não voltes a andar de bicicleta na rua. Não é seguro.

      Obediente, ele aproximou-se de Gina e segurou a mão dela.

      – Quantos anos ele tem?

      – Dois e meio.

      – Ele é ágil para a idade. E também fala muito bem. – O comentário revelava surpresa e admiração. – Deixei o triciclo ao lado da porta.

      – Obrigada.

      – Estarei à vossa espera no domingo. Às três.

      – Estaremos lá, senhora King. E obrigada mais uma vez.

      Faltavam dez minutos para as três da tarde. Gina parou o seu pequeno Honda Swift sob uma das pérgulas cobertas por parreiras que flanqueavam os degraus do Castelo King. Aquela era a área de estacionamento para visitantes, e o facto de o seu carro ser o único ali aumentava o nervosismo que a consumia.

      Levava uma cassete com algumas canções gravadas na sua mala, mas talvez nem precisasse dela. Não sabia se cantaria acompanhada por alguma melodia ou se apenas a sua voz seria avaliada durante o teste. Bem, pelo menos tinha a cassete com o acompanhamento, caso precisasse dela. O espelho retrovisor comprovava que a maquilhagem estava intacta, embora fosse suave. Apenas delineador para realçar os olhos, rímel e batom. Lavara e secara o cabelo com o auxílio de uma escova, e as ondas suaves que emolduravam o seu rosto caíam sobre os ombros como um manto sedoso. Esperava ter a aparência de uma cantora profissional.

      Marco tinha adormecido no seu assento de segurança. Gina vestira-o com calções azul-marinho, camisa às riscas vermelhas e brancas e calçara-lhe sandálias. Com os cabelos escuros e encaracolados e os olhos quase negros, a criança ficava encantadora usando cores fortes, e naquele dia estava especialmente lindo. Para ela, Gina tinha escolhido um vestido amarelo limão de corte direito e simples. Sem mangas, o traje possuía apliques em azul-marinho que lhe conferiam elegância e davam-lhe um ar profissional e chique. E precisava de confiança naquele dia.

      Cautelosa, soltou o cinto de segurança do assento de Marco e acordou-o antes de o tirar do carro. Felizmente, ele nunca acordava mal-humorado.

      – Estamos no castelo, mamã?

      – Sim, querido. Vou fechar o carro e caminharemos até lá.

      – Não consigo vê-lo.

      – Espera um minuto. Temos de subir a escada.

      Enquanto subiam os degraus, os olhos do menino permaneciam fixos na torre que dominava a colina. Havia uma lenda contando que Frederico Stefano Valeri construíra aquela torre para que a sua esposa pudesse ver os barcos a voltar do mar e os canaviais que ardiam durante a colheita.

      – Podemos ir lá acima, mamã?

      – Hoje não, querido. Mas vamos conhecer o salão de baile. Soube que há grandes bolas cobertas de espelhos penduradas no tecto, e a madeira que reveste o piso foi cortada de forma a criar desenhos interessantes.

      Por todas as partes era possível ver samambaias, folhagens exuberantes e flores tropicais. Do lado da escada partia um caminho calcetado sobre um relvado impecável. Alguns metros à frente havia um alpendre sustentado por colunas graciosas, e logo depois dele abria-se a entrada para o castelo. Era uma área espaçosa em cujo centro havia uma fonte cercada por grupos de mesas e cadeiras. Num desses grupos estavam três pessoas, e Gina experimentou uma forte tensão ao reconhecê-las.

      Alex King conversava com a avó. Alex King e a sua noiva. Vira a foto publicada no jornal que anunciara o noivado, e por isso podia identificá-los. O homem já tinha alguém especial na sua vida. Além do mais, nunca tivera uma oportunidade de conhecê-lo realmente. No entanto, se existia um


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