Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore

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Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro - Margaret Moore


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restara como uma flecha lançada por um arco, colocando-se diante do barão numa atitude que combinava humildade, auto-importância e medo.

      – Sou Robert Chalfront, milorde – anunciou, num tom de voz estridente. – Sou o meirinho deste castelo há dez anos.

      Etienne olhou para Gabriella Frechette e percebeu imediatamente que ela não gostava daquele homem, embora se esforçasse para não o demonstrar. Com a sua experiência, Etienne tinha a certeza de que ela detestava o meirinho. No entanto, Robert Chalfront estivera ao serviço do pai dela durante dez anos. Era um facto interessante e, talvez, uma vantagem adicional para Etienne.

      – Podes continuar no cargo, Chalfront – declarou ele, tomando a decisão naquele exacto instante. – A continuidade da tua presença aqui, facilitará a transição do meu regime.

      Um murmúrio abafado espalhou-se pelo pátio; se era de aprovação ou não, não interessava a Etienne.

      Chalfront não reprimiu o suspiro de alívio que lhe escapou dos lábios enquanto se curvava diante do barão.

      – Eu servi-lo-ei com todo o prazer, milorde. Dou-lhe a minha palavra. O capataz encontra-se aqui, e o lenhador, e...

      – Espero nada menos do que tenho direito, de ti e de todos – interrompeu Etienne. – Quanto ao capataz e aos demais, vejo-os noutro dia. Agora, fala-me sobre o filho do conde.

      Gabriella deu um passo em frente, com um brilho de desafio no olhar.

      – Barão, não acha que este não é o lugar adequado para conversar sobre esse tipo de assunto?

      Etienne olhou para ela durante um segundo, com a expressão séria.

      – Não me recordo de me ter dirigido a si.

      Um forte rubor coloriu o rosto de Gabriella e, depois de uma breve hesitação, ela baixou o olhar. Etienne virou-se novamente para o meirinho.

      – Responde à minha pergunta, Chalfront – ordenou, imperturbável.

      – Milorde, o actual conde de Westborough está...

      – Já não existe nenhum conde de Westborough – observou Etienne.

      – Sim... bem, milorde... Bryce Frechette encontra-se em algum lugar na Europa, no momento, e...

      – Em que lugar da Europa?

      – Ninguém sabe, milorde. Naturalmente, tentámos localizá-lo quando o conde adoeceu, mas foi impossível encontrá-lo.

      Etienne ouviu pacientemente os detalhes que já conhecia. Só queria saber como é que os habitantes locais interpretavam a atitude infantil do filho do seu falecido amo. Era óbvio que Gabriella não condenava o irmão.

      – Ele não disse para onde ia? – insistiu Etienne.

      Chalfront pigarreou e olhou de soslaio para Gabriella, cujo rosto estava em chamas.

      – Ele... hum... saiu de casa um tanto... de repente, milorde – confessou Chalfront. – Depois de uma discussão com o pai. O conde disse que não queria saber para onde é que ele fora. Quando ficou claro que o estado de saúde do conde era grave, lady Gabriella enviou alguns homens atrás do irmão. Infelizmente, quando eles voltaram sem notícias, o conde já estava morto.

      – Esse Bryce Frechette... o que é que achas que ele faria ao saber da morte do pai? – indagou Etienne.

      Chalfront olhou rapidamente para Gabriella.

      – Eu não saberia dizer, milorde. Ele é um jovem rebelde. Impetuoso, mimado. A opinião geral é que foi melhor assim... quero dizer, ele ter-se ido embora. Apesar de que é muito triste ver um filho discutir daquela maneira com o pai.

      – Tu achaste melhor ele ter-se ido embora – protestou Gabriella, indignada. – Ficaste bem contente porque não tinhas mais ninguém aqui para te vigiar, além do meu pai acamado! Ninguém que pudesse descobrir a tua desonestidade!

      – Desonestidade?! – gritou Chalfront, enrubescendo violentamente.

      – O meu procurador examinou os relatórios da contabilidade do castelo Frechette e não encontrou qualquer irregularidade – declarou Etienne, convicto de que a acusação de Gabriella provinha do ódio e do despeito. Tinha a certeza absoluta de que Jean Luc, o seu procurador de há muitos anos, teria percebido se houvesse alguma irregularidade nos registos financeiros do castelo. – E não quero ter de lembrar, mais uma vez, que você só deve falar quando eu lhe dirigir a palavra – acrescentou o barão, com calma, mas com firmeza.

      Ao contrário do que ele esperara, Gabriella recuperou rapidamente o autocontrolo. Os olhos dela ainda flamejavam, mas era evidente que era uma jovem capaz de controlar as emoções, quando necessário. Uma qualidade rara numa mulher, e, certamente, inesperada.

      – Por que é que não se casou? – perguntou Etienne repentinamente, tentando desconcertá-la. Quando Gabriella não respondeu, ele insistiu. – E então?

      – Desculpe, milorde, não percebi que estava a falar comigo.

      Estava a fazer um jogo perigoso, aquela jovem de beleza extravagante com um ar desafiador, de pé diante dele, com o seu orgulho ferido e inabalável majestade. Mas ela perderia; Etienne venceria aquele primeiro teste de autoridade, pois vencia sempre.

      – Por que é que não se casou? – repetiu, num tom de voz que exigia uma resposta.

      – Porque não quis – declarou Gabriella, sentindo o medo a substituir, pouco a pouco, o espírito de provocação.

      – Milorde, lady Gabriella era uma filha dedicada – balbuciou Chalfront, claramente aterrorizado. – Dizia que não aceitaria pretendentes enquanto não acabasse de cumprir o seu dever para com os pais.

      – Eu não te perguntei a tua opinião, meirinho – observou o barão, indiferente ao facto de que Chalfront estava prestes a ter uma síncope. Virou-se, em seguida, para Gabriella. – Aparentemente, o seu pai era mais inconsequente do que me disseram, uma vez que a falta de preocupação dele com o futuro da filha deixou-a nas minhas mãos. Existe algum lugar para onde você possa ir? A casa de algum parente, por exemplo?

      – Não.

      – Trate-me por milorde – repreendeu Etienne. – Ou por barão.

      – Não, milorde – repetiu Gabriella, num tom claramente sarcástico.

      Que tipo de criatura era Gabriella Frechette?, pensou o barão, intrigado. Os cavaleiros mais ousados de toda a Inglaterra eram mais facilmente dominados do que aquela pirralha.

      – Quem é que ajudou os teus pais a criarem-te?

      – Ninguém, milorde. Os meus pais preferiram criar-nos eles próprios.

      – Se és tão devotada a Deus como eras a eles, devias ir para um convento.

      – C... Com licença, milorde – interveio Chalfront, mais uma vez, com a sua voz esganiçada.

      O barão olhou para o meirinho com indiferença.

      – O que é, Chalfront?

      Chalfront pigarreou.

      – Lady Gabriella não tem um centavo, milorde. Custar-lhe-ia dinheiro para ser aceite num convento, e não sobrou nada.

      – E ainda há dívidas para pagar – concluiu o barão.

      Subitamente, Gabriella compreendeu que Etienne DeGuerre sabia mais sobre a história da sua família do que indicara a princípio. Era evidente que as perguntas embaraçosas, formuladas diante dos servos e arrendatários, tinham um único propósito: revelar a sua precária situação financeira a todos e envergonhá-la em público. Etienne era um homem cruel e desalmado, pior do que os rumores a tinham levado a crer.

      Ela devia estar cega para não ter visto imediatamente a criatura insensível que era o barão. Como pudera deixar-se impressionar tanto pela força física de Etienne DeGuerre e pela sua presença autoritária,


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