Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore

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Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro - Margaret Moore


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no seu ultimato. Seria um sinal de fraqueza, a que ele não se podia permitir.

      Pensamentos indesejados invadiram-lhe a mente, ao contemplar Gabriella Frechette. Inesperadamente, visualizou-se a acariciar aquele corpo perfeito, a beijar-lhe os lábios rosados, a seduzi-la, transformando o ódio que ela sentia em ardente desejo...

      Ele olhou de soslaio para Josephine, que limpava discretamente os lábios com um guardanapo. O que é que estava a acontecer? Estaria a ficar louco, a pensar em beijar uma pirralha como aquela quando tinha uma mulher como Josephine de Chaney à sua disposição? Que feitiço era aquele que uma nobre despojada da sua fortuna exercia sobre ele?

      Gabriella parou e inclinou a cabeça, em expectativa. Etienne olhou para ela durante um momento; precisava de ter, e teria, absoluto controlo sobre aquela propriedade, sobre aquele castelo e, principalmente, sobre aquela mulher.

      – Enche o meu cálice – ordenou.

      Gabriella obedeceu, evitando olhar para o rosto atraente do barão, iluminado pelas inúmeras tochas apoiadas em castiçais, nas paredes. Apesar do apoio e do carinho que recebera dos servos, ela antecipara com apreensão o momento de se ver frente a frente com ele, outra vez. Aqueles olhos azuis intimidavam-na... O barão DeGuerre parecia uma estátua, não revelava os seus sentimentos. Não parecia humano. Era como se fosse um guerreiro sobrenatural enviado à Terra para mostrar aos outros que não passavam de frágeis seres da humanidade.

      Ele permaneceu imóvel, enquanto ela se debruçava para encher o cálice, com as mãos trémulas. Não, não uma estátua, reflectiu Gabriella, inquieta. O barão parecia mais um gato, sentado à frente do buraco de um rato.

      A presença daquele homem dominava o salão e a consciência de Gabriella. Ela procurou concentrar-se no que estava a fazer, ansiosa para se afastar dali. Finalmente, o barão moveu-se, recostando-se na cadeira de espaldar alto com um movimento graciosamente másculo. Gabriella deu um passo para trás, mas antes que se virasse, ele sorriu, com um ar de malícia e sedução, e murmurou:

      – Vai para o meu quarto.

      – Etienne! – exclamou Josephine de Chaney, incrédula. A suspeita e a dor transpareceram nos adoráveis olhos verdes, confirmando a Gabriella o que esta não queria aceitar.

      – Como a condição de serva é nova para ti, desta vez vou repetir – disse o barão, ignorando a concubina. – Vai para o meu quarto.

      Gabriella limitou-se a olhar para ele, chocada e horrorizada. Não podia ser... Ele não... seria capaz! Ela sentia-se como se tivesse sido despida diante de todos. Uma profunda vergonha invadiu-a, ao mesmo tempo que esperava, contra todas as probabilidades, que ele cancelasse a ordem. Ela podia ser uma serva, mas era uma mulher livre. Se o barão a possuísse à força, estaria a cometer um crime. E ela... faria... o quê? Quem a apoiaria contra o poderoso barão DeGuerre, o favorito do rei, o terror dos torneios, um homem que já lutara dez horas seguidas para ganhar um saco de moedas de prata?

      À medida que o barão continuava a olhar para ela com os olhos azuis inescrutáveis, Gabriella começou a compreender que se empenhara num combate com um inimigo cujo poder e influência subestimara.

      Com as costas erectas e o porte de uma rainha, ela virou-se e caminhou na direcção da escadaria que levava à torre norte, onde ficava situado o quarto do senhor do castelo.

      – Ora, ora, ora, quem é que esperava por esta? – murmurou Philippe de Varenne, gesticulando com a cabeça na direcção de Gabriella, conforme ela desaparecia escada acima e o silêncio no salão era rompido por uma lufada de murmúrios e sussurros.

      Sir George de Gramercie, normalmente tão pronto a fazer gracejos, limitou-se a arquear as sobrancelhas aristocráticas e a balançar a cabeça.

      – Quero dizer, acho que todos nós sabemos quais são as intenções dele – continuou Philippe, antes de beber um longo gole de vinho. – Eu sei o que faria, se tivesse uma criaturinha como aquela ao meu serviço.

      – O barão não lhe fará mal – declarou Donald, numa atitude ao mesmo tempo chocada e defensiva.

      – Eu não disse que ele lhe faria mal – retorquiu Philippe, piscando um olho. – Eu daria uma bolsa de ouro para saber o que Josephine está a pensar, neste exacto momento.

      Os homens olharam na direcção de Josephine de Chaney. Tanto ela quanto o barão comiam tranquilamente, como se nada fora do comum tivesse acontecido.

      – Ela jamais o questionará – disse George, com convicção. – É inteligente demais para isso.

      – O que a torna a concubina perfeita, hum? – observou Philippe. – Entre outras qualidades.

      – Tu estás a falar de uma dama – repreendeu Donald.

      – Uma dama desonrada – lembrou Seldon, com mais franqueza que tacto.

      – Mas uma dama, de qualquer forma – insistiu Donald. – E não acho bem que faças comentários sobre a dama do barão, nem ridicularizes o seu nome.

      Seldon, que normalmente concordava com Donald, encolheu os ombros. George sorriu, e Philippe estalou a língua, em sinal de desaprovação.

      – Perdoa-me se ofendi a tua delicada sensibilidade – disse, sarcástico. – Mas, independentemente do quão bonita é, Josephine de Chaney é uma...

      George ergueu uma mão.

      – Não exactamente – advertiu, olhando para o homem impetuoso sentado ao seu lado. – E acho que cabe fazer a distinção. – Lady Josephine é uma nobre.

      – Sem dúvida – concordou Donald.

      – Isso mesmo – apoiou Seldon, limpando os lábios com o guardanapo.

      – Pois bem – concedeu Philippe, contrariado. – Mas aquela... Gabriella... já não é – Ele retorceu os lábios num sorriso desagradável e ergueu o cálice. – Brindemos à impertinente Gabriella! Eu diria que ela vai aprender uma lição da qual não se esquecerá tão cedo.

      Donald parecia horrorizado. Seldon, também, mas foi George quem falou primeiro.

      – Philippe – repreendeu, com um leve tom de irritação na voz. – Tu sabes que o barão não lhe vai fazer nada.

      – Então, por que é que a mandou subir? – exigiu Philippe.

      – Talvez ele queira que ela lhe preste algum serviço.

      – Mas é exactamente isso que estou a dizer – exclamou Philippe, olhando para os outros.

      – Eu refiro-me a trabalho – disse George, impaciente. – Talvez, alguma coisa que tenha a ver com as botas dele, ou com a capa. O barão não tem lacaio de quarto, como tu sabes.

      – E tu achas que ele pretende ter uma lacaia de quarto? Não deixa de ser uma ideia fascinante!

      – O que estou a dizer é que o barão nunca desonrou uma mulher antes, que eu saiba, e não vejo por que é que o faria agora.

      – Não? Tu és cego, homem? Ela tem o mais redondo e lindo...

      – Nós notámos – interrompeu Donald, enrubescendo como uma criança.

      – Ah, notaste? – perguntou Philippe. – Pensei que tu só te preocupasses com assuntos espirituais.

      – E com o meu dever aqui na terra – afirmou Donald, resoluto. – É o nosso dever, como cavaleiros do reino, proteger as mulheres.

      – Além do mais, o barão não se arriscaria a ser acusado de assédio – observou Seldon, com um ar solene.

      – Tu testemunharias contra o barão, a favor de uma criada?

      – Para defender uma mulher inocente, sim – respondeu Donald, em lugar do amigo.

      – Minha nossa! – Philippe olhou para ele, horrorizado. – Tu devias, mesmo, ser monge!

      – O pobre meirinho


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