A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way

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A meio da noite - Segura nos seus braços - Margaret Way


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coisa do seu arsenal que garantia uma reacção.

      Os momentos desesperados requeriam medidas desesperadas.

      Sorriu um pouco mais e observou-a, tentando ver algum sinal de degelo. Sabia que ela era incapaz de resistir às suas covinhas.

      – Pára, Nick.

      Encolheu os ombros com absoluta inocência.

      – Eu sei o que estás a fazer e não vai funcionar.

      Seria a primeira vez.

      Era evidente que Adele acrescentara uns centímetros de armadura na sua ausência. Contudo, havia sempre fendas, só tinha de as localizar. De facto, fora uma das coisas que mais o atraíra nela ao princípio; aquela fachada gelada que ocultava um núcleo abrasador. Fogo e gelo…

      Caminhou para ela e viu-a recuar.

      – Disseste que querias falar? Bom, neste momento estou ocupada.

      – Posso ver que sim – olhou para ela de cima a baixo e sentiu uma familiar onda de calor ao ver uma bonita perna revelada pela abertura do robe.

      Adele ergueu-se e ajustou ainda mais o cinto do robe.

      – Telefona-me para o escritório na próxima semana. Estou no meio de um grande projecto, mas talvez na quinta-feira tenha alguns minutos para te dedicar. Onde vais ficar?

      Nick arqueou o sobrolho e olhou para ambos os lados.

      – Nem sonhes! Não vais ficar aqui.

      Ele pestanejou.

      – Também é o meu lar.

      – Correcção: podia ser a tua casa, mas deixou de ser o teu lar assim que atravessaste o Atlântico e não te incomodaste em voltar em nove meses.

      Cruzou os braços e olhou para ele. Nick decidiu que não era o momento certo para lhe recordar que voltara… assim que pudera. Duas curtas semanas depois da monumental discussão, viajara oito mil quilómetros para resolver a situação. Contudo, ao entrar em casa, encontrara-a vazia. Adele mudara de casa e estava a viver com a sua melhor amiga.

      Estava claro que Adele não estava de humor para enfrentar os erros que cometera. Para ser sincero, ele também não se achava capaz de encarar as lembranças. Assim, desterrou-as para um canto do cérebro.

      Tirou o casaco, pô-lo nas costas de uma das cadeiras que rodeavam a grande mesa de pinho e deixou-se cair no fofo sofá embutido num canto da ampla cozinha de estilo vaqueiro.

      – E esse chá?

      Adele fechou os olhos e afundou os ombros. Ganhara o primeiro assalto, porém, Nick teve vontade de se dar um pontapé no rabo por a fazer parecer tão cansada.

      – Fá-lo tu. Eu vou lá acima. E se pensas que vais pôr essa mala que largaste no hall no meu quarto, pensa melhor. Sabes onde é o outro quarto.

      Aquilo doeu-lhe.

      Fez uma careta quando Adele se virou e subiu as escadas com determinação. Não lidara bem com a situação, porém, teria sido uma temeridade continuar com a discussão. Há muito tempo, aprendera que a solução era fazê-la rir-se.

      Tinha um excelente sentido de humor, porém, a maioria do tempo mantinha-o afastado. E, se era bom em alguma coisa, era em fazer a sua esposa rir-se.

      Deixou que a sua cabeça caísse sobre as costas do sofá e fechou os olhos.

      Sabia o que ela pensava: que o seu marido escolhera um emprego que surgia uma vez na vida em vez dela. Adele estava demasiado ocupada a mostrar-se arrogante para ver que fora ela quem se recusara a ceder um só centímetro. Fora uma decisão dela pôr o casamento em espera.

      Podia haver dois lados para cada história, contudo, Adele estava sempre convencida de que a sua versão era a versão certa. O que era extremamente irritante, pois realmente tinha quase sempre razão. No entanto, de vez em quando, entendia as coisas espectacularmente mal. E então, geralmente, tratava-se de algo importante.

      Adoptou uma posição mais confortável. A diferença horária começava a fazer-se sentir e aquele sofá era cómodo. O casaco de um dos fatos dela estava sobre as costas. Cheirava ao seu perfume, quente e penetrante. Se fechasse os olhos, era como se ela estivesse sentada ao seu lado.

      Tinham passado muitas noites felizes aninhados naquele velho sofá, com dois copos de vinho depois do jantar. E houvera outras ocasiões em que tinham usado o sofá para actos muito menos relaxantes…

      Sorriu enquanto adormecia. Menos relaxantes, mas muito mais divertidos.

      A porta da cozinha rangeu levemente quando Adele a abriu. Fez uma pausa. Reinava o silêncio. Demasiado silêncio. Nick era como um pirralho e, se estava em silêncio, o mais provável era que estivesse a tramar alguma coisa. Abriu mais a porta e viu-o deitado sobre o sofá, a dormir como um bebé.

      Até aquela imagem fez com que quisesse gritar. Como conseguia eliminar a tensão que havia entre eles e perder-se na inconsciência? Ela não estava tão relaxada. Era como se tivesse bebido dez cafés. Voltou a olhar para ele e suspirou sem se aperceber.

      A dormir, parecia um ser angélico. Tinha o cabelo um pouco comprido e havia sempre uma madeixa que lhe caía sobre a testa. Muitas vezes, acordara de manhã, sorrira e afastara-a da sua cara. Custou-lhe enormemente conter-se para não repetir o gesto.

      Tinha de sair dali. Já. Antes que esquecesse todas as razões pelas quais Nick Hughes não devia permanecer a um raio de dez quilómetros do seu coração.

      Pegou na sua mala e fechou a porta. Momentos mais tarde, vestiu o casaco, o cachecol e as luvas e partia rua abaixo. Fevereiro em Londres era invariavelmente um mês húmido e frio, e nessa noite não queria afastar-se da tendência dominante.

      Deu por si à frente da casa de Mona. A sua vida, que se mantinha num equilíbrio precário, acabava de cair por um precipício e precisava da sua melhor amiga. Mona abriu a porta com um bebé apoiado na anca.

      – Meu Deus, Adele! O que aconteceu?

      – É Nick.

      Mona pôs uma mão na boca.

      – Ele…? Houve um acidente?

      – Não. Pior.

      – Pior do que cair por uma montanha?

      – Não sei se esteve a fazer alpinismo ou não, mas sei onde está neste preciso momento. O meu marido, amante de desportos de risco, está bem vivinho e a dormir na nossa cozinha… na minha cozinha.

      Mona franziu o sobrolho e abraçou Adele num gesto súbito e inesperado.

      – É melhor entrares e contares-me tudo do início.

      Quando Adele se afastou, tinha baba do bebé na lapela do seu casaco. Acariciou a cabeça da sua afilhada e deu-lhe um beijo. Depois, deixou que Mona a conduzisse para a sala.

      – Apareceu de repente.

      – Sem aviso prévio?

      – O quê? Nick? O homem que é tão mau a fazer planos de futuro que nem sequer é capaz de decidir o que comer para o jantar, mesmo quando tem fome?

      Mona deixou Bethany no chão e deu-lhe um chocalho para que se entretivesse.

      – O que quer?

      Adele encolheu os ombros.

      – Quem sabe? Tentei perguntar-lhe mas ficou como… costuma ser comigo. Diz que quer conversar.

      – Sobre quê?

      Adele suspirou.

      – Suponho que pode ter voltado para pedir, tu sabes… o divórcio – murmurou. – Isso explicaria porque não o explicou logo. Nem sequer Nick apareceria nove meses depois e…

      – De facto, nove meses e meio.

      Adele fechou os olhos fugazmente


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