A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way

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A meio da noite - Segura nos seus braços - Margaret Way


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de agir com muito cuidado. Teria de se mostrar sensato e falar com ela de forma adequada. Esse era o plano «A». Depois, teria de conseguir fazer com que aceitasse o plano «B», que, com sorte, conduziria à realização do plano «C», que era o mais importante: convencer Adele de que tinham sido feitos um para o outro.

      Não podia falhar, como tal, teria de usar todos os trunfos possíveis. Não podia fazer nenhum mal preparar um pouco o caminho… com cafeína, sorrisos e covinhas.

      Ligou a cafeteira e sentou-se à mesa, à frente da porta. Ela apareceria a qualquer momento.

      No entanto. Adele não apareceu. E a paciência não era um dos pontos fortes de Nick.

      Talvez a sua mulher quisesse o pequeno-almoço na cama? Ou isso seria levar as coisas demasiado longe?

      Encostou-se na cadeira de madeira, abatido. Sentira a sua falta. Muito. Ao regressar à Califórnia depois da sua primeira viagem, surpreendera-o perceber o tempo que deixara que a fúria bulisse no seu interior. Não fora capaz de a desterrar como de costume. Embora isso fosse compreensível, ou não?

      Qualquer homem estaria zangado se a sua esposa o tivesse deixado ao primeiro inconveniente. Poderiam ter chegado a um compromisso em relação ao seu emprego e ao seu contrato de seis meses em Hollywood, porém, ela nem sequer se incomodara em considerá-lo.

      Estivera demasiado ocupada a gritar com ele a respeito de como o seu trabalho, a sua vida e os seus amigos eram importantes para ela. Fora uma surpresa desagradável descobrir que era o último da lista… se é que figurava nela.

      O seu trabalho era igualmente importante para ele, contudo, Adele nunca o encarara a sério, nem sequer quando alguém lhe apresentara um contrato, oferecendo-lhe uma oportunidade de último momento de trabalhar com o aclamado produtor Tim Brookman. Fora uma oportunidade que não pudera rejeitar, e magoava-o mais do que gostava de reconhecer que ela não tivesse tido fé suficiente nele para o apoiar na sua decisão.

      A irritação começou a apoderar-se da sua mente. Espantou-a e olhou para o relógio. Eram oito e meia. Adele não podia estar ainda a dormir. Talvez fosse melhor ir comprovar que estava bem.

      Subiu as escadas. Ao aproximar-se da porta do quarto dela, abrandou. Sorriu ao recordar como por vezes roncava suavemente. Era tão doce… E era estranhamente gratificante saber que a perfeita Adele tinha um defeito ínfimo.

      No entanto, não se ouvia nenhum ronco naquele momento. De facto, não se ouvia nenhum som.

      Abriu um pouco a porta e pestanejou ao ver o quarto anormalmente brilhante. As cortinas estavam abertas e o frio sol de Fevereiro iluminava a cama vazia. Estava perfeitamente feita e as almofadas, à frente da cabeceira, impecavelmente colocadas.

      Sentiu um nó no estômago, tal como lhe acontecera ao entrar no quarto há quase um ano e ver o armário vazio, com os cabides nus como ramos outonais.

      Depois, encontrara o bilhete seco e breve que o informava de que ia ficar em casa de Mona e que não queria vê-lo. Ele dera meia volta e regressara para os Estados Unidos, consternado pelo facto de a sua esposa o ter abandonado com tanta facilidade. Pelo menos, conseguira convencer Mona de que a aconselhasse a voltar para casa depois de ele ter partido.

      Aproximou-se do armário e abriu a porta. Soltou o ar contido ao ver a sua roupa pendurada e agrupada por tipo e cores.

      Então, sentiu-se simplesmente confuso ao ver a roupa, mas não Adele.

      Virou-se e regressou ao andar de baixo. Estava no último degrau quando ouviu a porta da entrada a abrir-se.

      Adele recuou, assustada, e ele perguntou-se o que raios estava a acontecer.

      O seu rosto estava vermelho e parecia agitada, algo que raramente acontecia.

      Então, um pensamento horrível formou-se na mente de Nick.

      – Estiveste a noite toda fora, Adele?

      Ela baixou o jornal de domingo que tinha debaixo do braço.

      – Acho que isso entra na categoria de «não te diz respeito».

      Não lhe dizia respeito? Aquela mulher não existia!

      – Continuas a ser a minha esposa!

      Ela dedicou-lhe um olhar duro.

      – Bom, sempre podemos fazer alguma coisa a respeito disso.

      Nick experimentou uma actividade sísmica que pensou que Adele já não pudesse provocar-lhe depois de tanto tempo. Saiu de casa furioso, atravessou o atalho do jardim e entrou no seu atelier, fechando a porta com força.

      Não lhe dizia respeito!

      Deveria ter ficado para resolver aquele assunto, porém, os seus pés tinham começado a andar antes que o seu cérebro se activasse. E, naquele momento, não tinha vontade de voltar para casa.

      – Quais achas que são as minhas possibilidades, Ethel? – perguntou ao manequim que salvara da rua e que ainda mantinha a sua pose num canto do atelier. – Preciso da perspectiva de uma mulher.

      Ethel continuou com os olhos azuis cravados na direcção da janela.

      Nick suspirou.

      – Sim. Obrigado por nada, querida.

      Adele trabalhava à frente do computador portátil quando Nick foi ter com ela. Continuava nervosa devido ao confronto do hall. Estivera quase a ceder… quase. Contudo, no final conseguira manter a compostura e Nick nunca saberia como estivera perto de desterrar a sua fúria com um beijo.

      Tentou fingir que não tinha consciência da sua presença à porta da pequena sala que usavam como escritório.

      – Estou ocupada, Nick – acabou por dizer, sem virar a cabeça.

      – Em algum momento vamos ter de falar.

      Ela encolheu os ombros e tentou concentrar-se nas palavras que apareciam no ecrã. Nenhuma lhe foi reconhecível. Leu uma frase pela terceira vez e acabou por deixar de tentar.

      – Está bem. Falemos – virou a poltrona e cruzou os braços. – Podes começar.

      Nick abanou a cabeça.

      – Assim não. Vamos para um terreno neutro. O que achas de eu te convidar para almoçar?

      Há muito tempo, adorava os longos e ociosos almoços de domingo com Nick. No Verão, sentavam-se no terraço do pub e, no Inverno, faziam-no no interior, à frente da acolhedora lareira. Não queria que nada lhe recordasse dias mais felizes, porém, ele tinha razão. Teriam de falar em algum momento e seria melhor que fosse o quanto antes.

      – Está bem, mas pagas tu.

      – Certamente.

      Nick exibiu as suas covinhas e Adele teve a impressão de que estava a aceitar muitos problemas.

      – Então, porquê tudo isto, Nick?

      Tinham estado quase o almoço todo a conversar sobre nada em especial. Não tinha a certeza de isso ser um bom ou mau sinal. A única coisa que sabia era que a conversa transcendente começava a irritá-la e que tinha de saber imediatamente o que se passava.

      Nick brincou com uma batata assada no seu prato.

      – Este ano a minha mãe faz sessenta e quatro anos.

      Adele assentiu.

      – Eu sei – depois franziu o sobrolho.

      O que estaria a tramar? Tentou olhar para ele nos olhos, porém, ele parecia concentrado em juntar todas as ervilhas no seu prato, num canto.

      – Como está Maggie?

      Fora um pouco cobarde nessa frente depois de ele ter partido. Escondera-se atrás da sua incapacidade para manter correspondência para que o contacto com a família de Nick fosse mínimo. Enviara algumas mensagens de outro correio electrónico e o cartão de Natal habitual, contudo, evitara


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