Desejo mediterrâneo. Miranda Lee

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Desejo mediterrâneo - Miranda Lee


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duas semanas a organizar a viagem. Não quisera abandonar os pacientes, portanto, dissera-lhes que precisava de umas férias.

      Todos tinham sido muito compreensivos e carinhosos e tinham pensado que continuava a sofrer por causa da morte de Jerome.

      E fizera-o durante muito tempo, mas já não.

      Depois de ter descoberto quem era o pai, decidira que não podia continuar a viver como uma viúva. E comprara roupa nova para ir à ilha.

      Recusava-se a admitir que o esforço que fizera para melhorar o seu aspeto tinha alguma coisa a ver com Leonardo Fabrizzi. Por muito agradável que tivesse sido com ela ao telefone, continuava a ser um playboy.

      Por curiosidade, Veronica procurara informação a respeito dele na Internet e estivera muito entretida. Desde que se reformara das pistas de esqui, Leonardo encontrara um lugar no mundo da moda e tinha lojas nas principais cidades da Europa.

      Aparentemente, também fora muito ativo na sua vida social e relacionara-se com modelos, atrizes e várias herdeiras.

      Veronica pensou que quisera melhorar o seu aspeto por orgulho feminino, mais nada. Porque as mulheres gostavam de se sentir atraentes, em especial, na companhia de um homem tão bonito e carismático como Leonardo Fabrizzi.

      Estaria com ele dentro de meia hora. Leonardo dissera-lhe ao telefone que iria buscá-la ao barco para a levar diretamente à casa que, aparentemente, era por cima do Hotel Fabrizzi, um pequeno estabelecimento que os pais de Leonardo tinham gerido durante mais de uma década.

      Aquilo surpreendera-a, já que Veronica lera na Internet que os Fabrizzi procediam de Milão e que o avô de Leonardo criara uma empresa têxtil depois da guerra e que se tornara muito rico com ela. Tivera dois filhos e herdeiros, Stephano e Alberto. O que Veronica não sabia era o que acontecera depois da morte do avô, pois não procurara tanto. Na verdade, ia a Capri para descobrir a história do seu próprio pai, não de Leonardo.

      Voltou a pensar no motivo por que fazia aquela viagem e o coração acelerou. Em breve, descobriria como fora o seu pai biológico, tanto física como pessoalmente.

      Já não estava zangada com a mãe. Já estava feito e não podia mudar-se.

      O que queria era saber porque o pai biológico lhe deixara a villa.

      «Porque o fizeste, pai?», e percebeu que, na sua mente, chamava «pai» a Laurence Hargraves.

      Os olhos encheram-se de lágrimas e a rapariga que estava sentada à frente dela no barco observou-a com curiosidade. Veronica conseguiu sorrir e pestanejou com força enquanto tirava o telemóvel da mala. Prometera à mãe que tiraria fotografias e lhas enviaria.

      Portanto, começou pelo barco, o mar e a ilha.

      Leonardo não estava à espera dela no cais. No seu lugar, havia um homem de meia-idade com um cartaz com o seu nome. O seu aspeto era… italiano: Cabelo castanho e encaracolado e olhos escuros.

      Quando Veronica se aproximou dele e se apresentou, o homem sorriu de orelha a orelha.

      – Signora Hanson, é molto bella. O Leonardo devia ter-me dito.

      Veronica sorriu com o elogio.

      – Onde está o Leonardo? – perguntou, dececionada com a sua ausência.

      – Pediu-me para me desculpar em seu nome. Os negócios retiveram-no, mas voará em breve.

      – Voará? Não há aeroporto em Capri.

      – Há um heliporto. Em Anacapri. Vou mostrar-lhe tudo a caminho de ir buscá-lo. Permita-me que leve a sua bagagem.

      Veronica não se atreveu a dizer que não queria que lhe mostrasse nada, portanto, sorriu e respondeu:

      – Ótimo, obrigada.

      E, depois, entrou nas traseiras de um descapotável amarelo que parecia tirado de um filme do Elvis Presley.

      Agradeceu ter apanhado o cabelo num rabo de cavalo porque a brisa procedente do mar e a condução desportiva de Franco teriam destruído o seu aspeto. Tentou desfrutar da vista, mas, na verdade, não estava de humor para isso. Sentia-se demasiado dececionada com a ausência de Leonardo. Rejeitou educadamente uma visita à Gruta Azul e admitiu que já estivera em Capri há muito tempo.

      – Agora, há mais pessoas – comentou, reparando na fila de barcos que esperavam para visitar a gruta.

      Franco franziu o sobrolho.

      – Demasiadas. Embora seja melhor no fim de setembro. Os cruzeiros já não param aqui. Ficará até então?

      – Infelizmente, não.

      Acabara de começar setembro e tinha o voo de regresso para três semanas mais tarde.

      – Está demasiado calor – decidiu Franco, carregando num botão para pôr a capota no carro e protegê-la do sol.

      Uma vez superado o desgosto inicial, desfrutou do passeio. Franco era um guia muito agradável e sabia muito sobre a ilha porque nascera e crescera lá. Além disso, era casado com a irmã mais velha de Leonardo, Elena. Tinham três filhos, um menino e duas meninas.

      Veronica questionou-se se Leonardo lhe contara que era a filha de Laurence. Era possível que não, portanto, conteve-se para não lhe fazer perguntas sobre o seu pai. Talvez noutra ocasião.

      Finalmente, Franco recebeu uma mensagem e dirigiu-se para o heliporto de Anacapri.

      Veronica tentou convencer-se de que não tinha motivos para estar nervosa, mas não conseguia evitá-lo. Quando chegaram ao topo da colina e Franco estacionou, decidiu que não podia ficar ali sentada e saiu do veículo.

      «Sim, é muito atraente, mas é um playboy, Veronica. Não te esqueças. Não te deixes enrolar. Vieste aqui para saber mais sobre o teu pai, não para te derreteres com o Leonardo Fabrizzi.»

      Viu um helicóptero a aproximar-se e protegeu os olhos com a mão, embora usasse óculos de sol. Como os vidros eram fumados, não conseguiu ver quem havia no seu interior. Por sorte, vestira umas calças brancas novas e não um vestido, porque o helicóptero causou um minitornado ao aterrar. Quando finalmente aterrou, abriu-se a porta e saiu um homem, um homem alto e de cabelo castanho, com um fato cinzento e camisa branca aberta no colarinho, sem gravata.

      Veronica reconheceu Leonardo, apesar de ter o cabelo muito curto. Ficava-lhe bem porque se via melhor a cara.

      Pessoalmente, era ainda mais bonito do que nas fotografias. As imagens em duas dimensões não lhe faziam justiça. Para além da sua beleza, havia a sua forma de se mexer e de andar, a posição dos seus ombros largos e o ângulo da sua cabeça. Era tudo. Um homem arrogante, seguro de si próprio e muito, muito sensual.

      Quanto mais se aproximava dela, mais o coração acelerava.

      Veronica interrogou-se, exasperada, se aconteceria aquilo a todas as mulheres. Era muito possível.

      Respirou fundo várias vezes e tentou tranquilizar-se.

      «Só tens de pensar no Jerome.»

      Leonardo observava-a, Veronica sabia apesar dos seus óculos de sol. Conseguia sentir o seu olhar penetrante através das lentes escuras e alegrou-se por também usar óculos escuros. Assim, não conseguia ver-lhe os olhos que, para Veronica, eram os espelhos da alma.

      Embora mais do que a alma, o problema fosse do corpo, que passara demasiado tempo sem os abraços reconfortantes de um homem.

      – Veronica? – perguntou ele, naquele tom tão sensual que ela já conhecia.

      Ela forçou um sorriso.

      – Sim – confirmou.

      Ele sorriu levemente.

      – Devia ter sabido que serias muito bela – comentou Leonardo. – O Laurence era um homem muito bonito. Bem-vinda a Capri.

      E deu-lhe um abraço.

      O


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