Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters

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Os meus três amores - Tal como sou - Rebecca Winters


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dela.

      – Sim – o que é que Rachel estava a fazer? Será que se arrependera de o ter deixado levar as crianças? – Ela telefonou para se queixar?

      – Não precisamos que ninguém nos telefone para nos preocuparmos com os cidadãos de Scobey.

      – Tenho a certeza de que apreciam a sua diligência – replicou Ford, que crescera numa cidade pequena e sabia a autoridade que tinha o xerife nelas.

      – O que está a fazer na nossa cidade?

      – Isso é entre mim e a senhora Adams – respondeu ele, que não tencionava contar-lhe nada.

      – Ouvi dizer que houve queixas devido aos choros dos bebés.

      Ford estava a começar a ficar sem paciência. Abriu a porta do lado de Cody e apontou lá para dentro.

      – Julgue por si próprio, estão bem. Ainda estão a habituar-se à perda dos seus pais. Têm o direito de chorar.

      – Suponho que sim – comentou o xerife, ajustando as calças e espreitando para olhar para as crianças. Satisfeito, voltou a endireitar-se. – O que estão a fazer aqui fora?

      Ford franziu o sobrolho ao ver que Cody começava a mexer-se. Fechou a porta com cuidado.

      – Não dormiram bem. Dei um passeio para os acalmar.

      – Está bem. Vou deixá-lo ir – anunciou Mitchell, que parecia decepcionado por não ter podido deter Ford. – Mas tenha cuidado, Rachel Adams não está sozinha em Scobey.

      – Há aproximadamente uma hora que não pára de nevar – indicou Rachel, franzindo o sobrolho enquanto olhava pela janela. O céu estava coberto e o vento soprava com força. Esperava que o mau tempo não impedisse Sullivan de lhe devolver os gémeos. Talvez devesse telefonar-lhe e dizer-lhe para voltar o mais depressa possível.

      – Posso parar por lá a caminho de casa – ofereceu-se Sam Mitchell. – Para me certificar de que está bem – telefonara-lhe para a avisar de que uma frente fria estava a avançar rapidamente.

      Já mencionara que vira Ford Sullivan na cidade. De certeza que fora ao hotel à procura dele.

      – Mitch, estou bem. Não precisas de vir.

      Acabara com ele há quase dois anos, mas o xerife continuava a meter-se nos seus assuntos com a esperança de que voltasse a surgir a paixão entre ambos.

      – Acho que estão a sentir saudades tuas na clínica.

      – Hum…

      – O cão da senhora Regent, Poopsy, mordeu alguns rapazes.

      – Oh…

      – Sim. Poopsy sente a tua falta. Dizem que a senhora Regent só voltará a levar Poopsy à clínica quando tu voltares.

      – Que alegria!

      Rachel abriu outra mensagem de correio electrónico e perguntou-se como é que aquele homem conseguia manter uma conversa sozinho durante tanto tempo.

      Quase sem o ouvir, mandou o seu último artigo e, depois, desligou o computador. Ao levantar o olhar, viu o seu todo-o-terreno pela janela.

      Depois, olhou para o relógio. Sullivan chegava cedo. Quase três horas antes de tempo.

      Sim!

      – Mitch, tenho de desligar. Sullivan acabou de chegar com os bebés.

      – Continuo sem gostar do facto de estares sozinha com ele. Telefona-me se tiveres algum problema.

      – É militar, Mitch. Ou estou em boas mãos ou nunca encontrarás o meu cadáver.

      – Não és nada engraçada!

      – Eu sei.

      Ainda que Rachel não receasse pela sua vida, mas pela sua tranquilidade moral. Não só porque aquele homem ameaçara levar os gémeos, mas porque sonhara com as suas mãos enormes a acariciá-la.

      Bateram à porta.

      – Mitch, ficarei bem. Tenho de ir – desligou o telefone e dirigiu-se para a porta. Não queria que Sullivan percebesse que estava acalorada e incomodada.

      Abriu a porta e espreitou. Sullivan estava sozinho no alpendre.

      – Sullivan. Chegou muito cedo.

      Ele passou uma mão pelo cabelo. Era o primeiro sinal de vulnerabilidade que mostrava. Atrás dele nevava ainda mais do que há alguns minutos. Os flocos brancos caíam sobre os seus ombros largos e o cabelo escuro. Rachel alegrou-se por vê-lo despenteado.

      Ele corou. Rachel pestanejou, surpreendida. Será que corava de raiva ou de vergonha?

      – Chama-me Ford, ou Mustang, se preferires. Deixa-me ser directo – pediu, olhando para ela nos olhos. – Lamento muito. Tirei conclusões precipitadas. Fizeste um trabalho óptimo a tratar de Cody e Jolie sozinha durante a última semana. Obrigado por teres estado presente para eles.

      Que injusto! Ela esperara vê-lo num momento de fraqueza e, em vez disso, ele mostrava toda a sua força, desculpando-se com sinceridade. E queria que lhe chamasse Mustang? Imaginou os bonitos cavalos de corridas, orgulhosos e selvagens, livres e temerários; conseguia imaginar porque lhe tinham dado aquela alcunha.

      Não, continuaria a chamá-lo Sullivan, que era muito menos íntimo.

      – Já chega. Ou vais fazer-me chorar – ela saiu. – Vamos pôr as crianças em casa, está a nevar.

      Abriu a porta que ficava mais perto, tirou Jolie e voltou para casa. Os seus dentes batiam de frio, já que não vestira casaco, portanto foi directa ao fogo.

      Estendeu uma manta no chão e deixou Jolie nela com alguns carros de brinquedo. Depois, recuou e observou como Sullivan deixava Cody na manta.

      Depois, enrolou-se num lado do sofá, enquanto Sullivan andava de um lado para o outro.

      Daquela vez, Rachel não tinha de se envergonhar. Estivera muito ocupada durante as últimas vinte e uma horas. Bom, passara a primeira parte do tempo a dormir, mas depois limpara a casa e arrumara a roupa. Além disso, escrevera alguns artigos a respeito dos costumes dos animais.

      – A casa tem um aspecto óptimo.

      – Tu não – Jolie parou de brincar com os carros e foi a gatinhar até Rachel, que pegou nela ao colo. – Quanto tempo dormiste?

      – Já dormi menos antes – respondeu ele. – O problema não foi a falta de sono, mas a impotência. Sou um homem de acção, mas nada do que fiz pareceu estar bem.

      – Isso aconteceu-me durante os três primeiros dias, até começarem a tranquilizar-se.

      A conversa estava a correr bem. Até a fez rir-se quando lhe contou que encontrara os cereais na mala, e que, dado que não tinha onde sentar as crianças, os pusera nas cadeiras do carro.

      – Pelo menos, pararam de chorar enquanto comiam – comentou Sullivan, segurando em Cody, que estava a tentar subir-lhe pela perna.

      – Consolam-se um ao outro – replicou Rachel, passando a mão pelo cabelo suave de Jolie.

      O olhar de Sullivan disse tudo.

      – Queres dizer que se alimentam das emoções um do outro. Um começa a chorar e o outro tenta superá-lo.

      – Tens de recordar que estão traumatizados – Rachel defendeu os seus sobrinhos. – Perderam os seus pais. Vai ser difícil recuperar.

      – Sim e quanto mais depressa o fizerem, melhor. Consideraste assinar os papéis?

      Rachel sentiu-se decepcionada. Mas não ia assinar. Nem então nem nunca.

      – Acho que devias ser tu a assiná-los – desafiou-o.

      Antes de ter tempo de responder, as luzes tremeram. Uma vez. Duas. Depois,


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