Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters

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Os meus três amores - Tal como sou - Rebecca Winters


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o pior, quando o tempo melhorasse, Sullivan queria levar os gémeos. Nem sequer conseguia pensar nisso.

      Portanto, não pensaria.

      Como se isso fosse possível.

      Enquanto esperava que o motor aquecesse, Rachel apoiou a cabeça no volante e perguntou-se o que ia fazer se Sullivan lutasse para ficar com a custódia das crianças.

      Ela vivia numa casa de um só quarto em Scobey, em Montana, uma localidade de pouco mais de mil habitantes. E trabalhava como assistente de veterinária numa clínica porque gostava mais de lidar com animais do que com pessoas.

      O vento bateu no carro enquanto ela se perguntava o que podia oferecer aos gémeos, para além de uma casa pequena e de um dom inexistente para lidar com os outros.

      Um lar. Uma carícia a meio da noite. Uma família a que pertencer. As respostas provinham do mais profundo da sua alma, onde escondia as suas esperanças mais secretas, os seus sonhos.

      Uma família. Rachel prometeu-se que lutaria para que Cody e Jolie soubessem o que era fazer parte de uma família.

      Porque ela nunca teria achado que podia amar tanto alguém, nem em tão pouco tempo.

      E ninguém, nem Sullivan, nem nenhuma outra pessoa, ia tirar-lhe aquilo.

      Levantou a cabeça e agarrou na alavanca das mudanças.

      De repente, a porta do carro abriu-se. Ela deu um salto e gritou.

      Capítulo 3

      Sullivan apareceu à porta do todo-o-terreno.

      – Idiota! – gritou Rachel. – Assustaste-me! O que estás a fazer aqui?

      – Vim… ajudar.

      A tempestade levou parte da sua resposta, mas Rachel captou o essencial.

      – As crianças? – gritou, preocupada.

      Ele aproximou-se para lhe falar directamente ao ouvido.

      – No parque. A dormir. Despacha-te para que possamos acabar isto e voltar para dentro.

      Ela abanou a cabeça. Não ia passar por cima da alavanca de mudanças com aquele casaco enorme e as botas.

      – Dá a volta.

      Surpreendentemente, ele fê-lo sem discutir.

      Rachel conduziu muito devagar até ao velho celeiro que servia de garagem. Deixou o todo-o-terreno com o motor ligado enquanto Sullivan lutava para abrir as portas enormes. Uma vez lá dentro, Rachel procurou uma manta velha e taparam o veículo.

      – Podia tê-lo feito sozinha – declarou, ressentidamente.

      – Guarda as unhas, gatinha. Isto não tem nada a ver com as tuas capacidades – declarou ele, sem deixar de segurar no seu lado da manta. – Sou demasiado educado para te deixar sozinha.

      – Mas as crianças não estão bem sozinhas.

      – Por isso é melhor trabalharmos juntos para podermos voltar para ao pé delas o mais depressa possível – argumentou ele, dando a volta ao carro. Vestira o impermeável amarelo de Rachel, que ficava justo.

      Parecia forte, tranquilo, confiante e um pouco divertido enquanto tirava o seu saco do banco de trás.

      Ela dirigiu-se para onde guardava o combustível para o gerador. Sentiu um aperto no coração ao ver que só teriam o suficiente para alguns dias.

      Sullivan aproximou-se para pegar no combustível.

      – É só isso?

      Rachel sentiu-se irritada.

      – Não costumo ficar sem combustível, mas estive um pouco distraída desde que os gémeos vieram viver comigo.

      Todo o seu mundo mudara com a chegada de Cody e Jolie. Felizmente, a clínica veterinária dera-lhe uma baixa por maternidade para que se habituasse à sua presença e horário, mas tudo o resto mudara, até os seus artigos tinham sofrido as consequências.

      Não se ocupara das suas tarefas habituais e, naquele caso, podia custar-lhe muito caro.

      – É normal. Tiveste de fazer um grande esforço – assentiu ele, sacudindo a lata. – Para quantos dias chegará isto?

      A sua compreensão deixou-a sem saber o que dizer.

      – Para alguns dias. Um pouco mais, se tivermos cuidado. É provável que fiquemos sem electricidade, mas há muita lenha e propano. E um congelador bem recheado.

      Se tivessem sorte, a tempestade de neve teria passado antes de ficarem sem combustível.

      Ainda que, depois, as estradas demorassem outro dia ou dois a serem limpas. Demasiado tempo para estar com um homem que não tinha nada que invejar Brad Pitt e que tinha a mania de reagir como menos se esperava. E com dois bebés que ainda estavam inquietos depois de terem sofrido a maior tragédia das suas curtas vidas.

      Que sorte!

      – Então, teremos cuidado – declarou ele, com uma segurança que indicava que estava habituado a viver situações difíceis. – Precisamos de mais alguma coisa daqui?

      – Sim – Rachel abriu um armário e tirou uma lanterna enorme.

      Ele pegou na lanterna e saiu à frente dela, que esperou que ele fechasse as portas do celeiro.

      Para ir para casa, tinha de lutar contra um muro de neve.

      Com os dentes a bater e as mãos trémulas, Rachel esticou a corda que atara à cintura até ela ficar tensa, uma tarefa que foi muito difícil porque não conseguia sentir os dedos das mãos.

      Sullivan também agarrou na corda. Rodeou Rachel com a sua força e o seu calor, ajudando-a a avançar.

      Era difícil andar, o esforço era cansativo e o frio debilitava-a. Cada passo era uma batalha contra a natureza. O corpo de Sullivan protegeu-a do pior da tempestade e ajudou-a a continuar. Quando viu que chegavam ao canto do alpendre, sentiu-se realmente agradecida pela sua ajuda.

      Faltara a luz. Rachel preocupou-se com os bebés, que estavam sozinhos em casa. Esperava que o fogo desse luz suficiente para que não estivessem assustados.

      Parou e apontou para a lenha que havia ao lado da casa.

      – Temos de encher o depósito de lenha! – gritou. – Talvez não possamos sair de casa durante vários dias.

      Ele falou-lhe ao ouvido.

      – Eu faço-o. Tu tens de entrar em casa.

      – Ajudar-te-ei.

      – Poupa-me os heroísmos. Se continuares a bater os dentes com tanta força, vais ficar sem eles.

      Ajudou-a a chegar ao alpendre e deu-lhe o combustível e a lanterna. Ela aproximou-se para lhe dizer onde era a porta do depósito de lenha.

      Ele assentiu.

      – Entra em casa. Cuida dos bebés – e virou-se.

      Rachel agarrou-o pelo braço.

      – A corda – indicou, tentando desfazer o nó que tinha na cintura.

      – Não precisarei dela. Estarei perto da casa.

      Tentou ir-se embora, mas ela agarrou-o pelo casaco.

      – Não. Leva a corda.

      Em vez de discutir, Sullivan pegou na corda. Depois, aproximou-se dela e subiu-lhe o cachecol para lhe tapar as orelhas.

      – Entra no calor da casa. Vou-me embora.

      Meio congelada, cansada, e mais preocupada com ele do que queria admitir, Rachel entrou em casa com o combustível e a lanterna.

      Não conseguia parar de tremer.


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