A bela cativa. Michelle Conder
Читать онлайн книгу.Quero dizer, sei que desfrutava do seu trabalho, que gostava de ir ao campo aos fins de semana, que tinha acabado de comprar um forno que adorava e que tinha uma secretária nova.
– Uma secretária nova?
– Sim. Olhe, não vou responder a mais perguntas até responder às minhas. – Ao pôr as mãos nas ancas, o decote do robe abriu-se. – Porque está tão interessado no meu irmão?
Tentando não olhar para o decote, Jag tentou também controlar a sua libido.
– Ele tem uma coisa minha. – Cerrou os dentes e questionou-se como Milena estaria. Se estava bem ou se precisava dele.
– Roubou-o?
A surpresa que o seu tom de voz transmitia fez com que ele fizesse uma careta.
– Poderia dizer-se que sim.
Regan percebeu que ele ficava tenso ao responder. Mais uma vez, fê-la pensar num leão disposto a atacar. Era evidente que o que o irmão levara era importante para ele. E isso explicava o seu interesse por Chad. No entanto, embora Chad tivesse passado uma má época depois da morte dos pais, não era uma má pessoa. Era inteligente, muito mais do que ela, e fora por isso que sempre tentara certificar-se de que ele acabava os estudos em Inteligência Artificial, na universidade, com boas notas. Um sucesso que o levara até àquele país belo e indómito.
Um lugar muito parecido com o estranho que ela tinha à sua frente e que a deixava com falta de ar cada vez que pousava o olhar dos seus olhos azuis nela. Era possível que fosse o que mais odiava, a forma como o seu corpo reagia a apenas um dos seus olhares.
Estava a observá-la e ela teve de se esforçar para ignorar as sensações que experimentava. Se ele não lhe tivesse tocado, se não a tivesse agarrado e apertado contra o seu corpo, teria sido mais simples.
Regan sentiu que os mamilos endureciam ao recordar como lhe tocara com o braço. Era como uma rocha e ela estava sozinha com ele num quarto de hotel.
– Não foi o Chad – comentou ela, com fúria.
– Foi ele, sim.
– O meu irmão não é um ladrão – contradisse, com convicção. – Está enganado.
– No meu trabalho, não posso dar-me ao luxo de cometer erros. Na verdade, tenho de voltar. Onde está o seu telemóvel?
– Para que quer o meu telemóvel?
Ele semicerrou os olhos de tal forma que as pestanas escuras esconderam quase por completo a sua cor azul.
– Já me entretive o suficiente, menina James. Onde está?
Levantou-se do sofá e ela recuou.
– Primeiro, diga-me quem é. Deve-me uma resposta, pelo menos, por me ter assustado.
– Não lhe devo nada. – Olhou para ela de cima a baixo. – Sou o rei de Santara, o xeque Jaeger Salim al-Hadrid.
– O rei? – Regan cobriu a boca com a mão e conteve um risinho. A julgar pela roupa que usava, parecia mais um mercenário do que um rei. Tinham-no contratado para matar Chad? Pensava que o levaria até ao seu irmão? – Duvido. Quem é realmente?
Imediatamente, apercebeu-se de que se enganara ao rir-se daquele homem. Fulminou-a com o olhar, deu um passo para ela e disse, com frieza:
– Sou o rei.
– Está bem, está bem… – Regan esticou a mão para o deter. – Acredito. – Estava a mentir, mas ele não tinha de saber. Precisava que se fosse embora o quanto antes.
Tentou não pensar na simetria perfeita do seu rosto e em concentrar-se em sobreviver. Era evidente que era um louco ou um assassino e ela estava sozinha com ele no quarto.
O medo apoderou-se dela. Tentou recordar que todos consideravam que ela tinha um dom para a comunicação, mas ele não era uma criança de sete anos que tinha um telemóvel escondido por baixo da secretária.
– Acha que estou a mentir? – perguntou ele.
– Não, não. – Regan tentou tranquilizá-lo, mas ele deu uma gargalhada.
– Incrível…
Ele abanou a cabeça e Regan avaliou rapidamente a distância que havia até à porta.
– Demasiado longe – murmurou ele, como se lhe tivesse lido a mente. Provavelmente, não fora muito difícil, visto que ela estava a olhar para a porta como se desejasse que se abrisse sozinha.
– Olhe…
Ele aproximou-se dela tão depressa que Regan não conseguiu continuar a frase.
– Não há mais perguntas. Não há mais jogos. Dê-me o seu telemóvel ou terei de procurar por todo o lado até o encontrar.
– Está na casa de banho.
Ele semicerrou os olhos.
– Ia tomar banho quando apareceu – explicou ela. – Eu gosto de pôr música enquanto tomo banho.
– Vá buscá-lo.
Regan quase lhe disse para pedir por favor, mas decidiu que o melhor que podia fazer era estar calada. Quanto mais depressa encontrasse o que procurava, mais depressa se iria embora.
Dirigiu-se para a casa banho e parou ao ver que ele a seguia. Olhou para ele através do espelho e os seus olhares encontraram-se por uns instantes. Não pôde evitar que uma onda de excitação a invadisse por dentro. Envergonhada, baixou o olhar e agarrou no telemóvel. Deu-lho e cruzou os braços a modo de proteção.
– Palavra-passe?
Ela sentiu o calor do seu corpo e desejou que ele se retirasse para trás.
– Trudyjack – disse ela.
– Os nomes dos seus pais? – Olhou para ela, surpreendido. – Podia ter usado ABC.
Regan olhou para ele, espantada. Como sabia que eram os nomes dos seus pais? Como sabia tanto a respeito dela?
– Quem é? – sussurrou ela, assustada.
– Já lhe disse. Sou o rei de Santara. Descobri tudo a seu respeito pouco depois de aterrar no meu país.
Regan engoliu em seco e apoiou-se no lavatório. Seria mesmo quem dizia que era? Não parecia possível, no entanto, tinha uma aura de poder e autoridade inconfundível. Embora ela pensasse que os assassinos também.
Observou-o enquanto ele olhava para a lista de contactos e de mensagens de correio eletrónico.
– O telemóvel do Chad está desligado – informou ela, incapaz de manter o voto de silêncio que fizera há instantes. Não conseguia evitá-lo. Nunca soubera estar em silêncio. – Sei porque tento falar com ele todos os dias.
– Não tem o telemóvel com ele.
– Então, o que procura no meu telemóvel?
– Um número pré-pago. Um endereço de correio eletrónico de um remetente desconhecido.
– Como sabe que não tem o telemóvel com ele?
Ignorando a pergunta, ele continuou:
– Tem outro telemóvel?
Regan franziu o sobrolho. Porque é que Chad não levara o telemóvel? Era como parte da sua pessoa.
– Não, mas se tivesse, não lhe diria.
Olhou fixamente para ela e ela sentiu um calor forte na barriga.
– Gosta de me provocar, não é verdade, menina James?
Regan sentiu que o coração acelerava. Não, não gostava de o provocar. Nada.
Olhou para ela e guardou o telemóvel no bolso. Desejava dizer-lhe que não podia ficar com ele, mas, àquelas alturas, a única coisa que queria era que se fosse embora.