A Casa Encantada. Barbara Cartland

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A Casa Encantada - Barbara Cartland


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leis da decência, não pretendia destruir completamente a confiança que alguns de seus parentes ainda depositavam nele, como chefe da família.

      Contou a Eddie exatamente o que acontecera na véspera, assim como lhe repetiu as palavras de Dilys, quando ele saia do quarto.

      —Caí na cama, assim que cheguei em casa. Só hoje de manhã, ao acordar, me lembrei claramente do que aconteceu e tive certeza de que não me enganava.

      —Ela não pode forçá-lo a isso, Vian.

      —Não tenho confiança naquela mulher. Você sabe muito bem que ela vai tentar, e aí haverá encrenca!

      —Trate de evitar isso.

      —Como?

      Ambos ficaram em silêncio. O Duque levantou-se, foi até o aparador e serviu-se de uma dose pequena de conhaque.

      —Vamos lá, Eddie. Você nunca me falhou, em todas as encrencas em que estivemos metidos.

      Em Eton, o amigo o ajudara a entrar por uma das janelas dos fundos, quando ele voltara depois que a escola estava fechada. Em outra ocasião, Eddie tinha despistado os encarregados da disciplina, em Oxford, enquanto o Duque saia para um encontro amoroso. E, quando estavam no Exército, salvara a vida de Vian.

      Para dizer a verdade, o Duque tinha retribuído o favor, mas isso não vinha ao caso, agora.

      Como o silêncio se tornava opressivo, ele perguntou:

      —E então?

      —A melhor coisa que você tem a fazer é ir imediatamente para o campo— declarou Eddie.

      —E se Dilys for para Minster, atrás de mim, e fizer uma cena, quando me recusar a casar com ela? Seria um desastre!

      —Precisa evitar uma cena, a todo custo. Dilys deve ter percebido que você estava embriagado, ontem à noite. Com certeza, espera que diga que não se lembra de nada. O importante é ela não ter oportunidade de lembrar isso a você.

      —Então, que devo fazer, se ela for atrás de mim? Esconder-me num armário, ou na chaminé?

      —Está sendo obtuso, Vian. Minster não é a única propriedade que você possui.

      O Duque ergueu as sobrancelhas.

      —Então, para onde sugere que eu vá?

      —Deus de piedade! Ninguém tem mais fácil escolha do que você. Possui propriedades em toda a Inglaterra! A última vez que estive em Minster, examinei o mapa na parede do escritório geral e fiquei atónito com o número de fazendas. Em todas aquelas manchas verdes que vi no mapa, deve haver uma casa!

      —Está sugerindo, Eddie, que eu vá para um lugar onde ninguém esperaria me encontrar? É uma ideia!

      —É a única ideia sensata. Se for para o exterior, todos dirão que está fugindo. É o que fazem as pessoas que se veem metidas em encrencas.

      —É verdade.

      —Basta você dizer que vai para uma de suas propriedades. Então, Dilys terá que descobrir qual delas, e isso levará tempo.

      —Você tem uma qualidade, Eddie: sempre sabe o que é melhor para mim.

      —O importante é ter uma desculpa plausível para se ausentar e não parecer que está fugindo, o que, na realidade, é o que estará fazendo!

      —Muito bem. Para onde devo ir?

      —Para o lugar menos óbvio.

      Pela primeira vez, desde que tinha chegado, Eddie viu o amigo sorrir.

      —Estava com esperança de que você me acompanhasse.

      —Bem que gostaria, mas não hoje. E é hoje que você deve partir.

      —Já?

      —Claro! Dilys não vai perder tempo, fique certo. Se pretende mesmo tomar uma providencia, virá aqui antes do almoço, ou logo depois, e você já deverá ter partido!

      —É impossível...— começou o Duque.

      Interrompeu-se e tocou a campainha de prata que estava na mesa, a seu lado.

      O mordomo apareceu imediatamente.

      —Chamou, Vossa Graça?

      —Diga ao Sr. Garston que venha aqui.

      —Perfeitamente, Vossa Graça.

      Eddie reclinou-se na cadeira e deu uma risadinha.

      —Agora, vou ver a máquina começar a funcionar. Já vi isso antes e sempre achei divertido.

      —Estou contente por alguém se divertir— observou o Duque, com ironia—, pessoalmente, acho isso muito maçante!

      —Considere tudo como uma aventura!

      —Quanto tempo acha que devo ficar fora? E quando pode ir ao meu encontro?

      —Não antes do fim da semana— respondeu Eddie—, tenho que pedir licença ao Coronel para me ausentar. E inscrevi três de meus homens no campeonato de boxe de pesos pesados. Não posso deixar de comparecer às lutas, não é mesmo?

      —Não, claro que não.

      —Assim que tudo estiver terminado, irei ao seu encontro. Chegaria mais depressa, se me emprestasse uma de suas melhores parelhas.

      —Isso está cheirando a chantagem— comentou o Duque—, pode pegar os baios.

      —Obrigado. Vou gostar de dirigi-los. Não quero ir muito longe, pois não tenho sua habilidade nem sua resistência física, Vian.

      —Muito bem. Talvez prefira viajar de trem.

      —Nem por sombra! Essas máquinas novas, sujas e malcheirosas, não me atraem. Além do mais, não creio que você tenha uma no caminho de uma ferrovia.

      O Duque riu.

      —Ainda não, mas espero que chegue esse dia.

      —Só espero não estar vivo, quando acontecer. Não tenho vontade de viver numa época dominada por máquinas.

      —Nem eu. Mas vamos resolver para onde devo ir.

      A porta se abriu e o secretário particular de Vian, o Sr. Garston, entrou.

      Estava com o Duque desde que este herdara o título e cuidava de todos os seus negócios. Era um homem de uns cinquenta anos, sempre com expressão preocupada, mas um organizador nato e de inteira confiança.

      —Bom dia, Vossa Graça— disse, respeitosamente, ficando ao lado da cadeira do patrão.

      —Preciso sair de Londres imediatamente, Garston. Para dizer a verdade, mais ou menos dentro de uma hora.

      A expressão do secretário não se alterou. Calmamente, perguntou:

      —Para onde Vossa Graça vai?

      —Ainda não resolvi. Onde é que possuo uma casa confortável, que não visitei ultimamente e que não exija uma viagem de muitos dias para lá chegar?

      Garston refletiu por alguns momentos.

      —Há o pavilhão de caça, em Leicestershire, Vossa Graça.

      —Estive lá no inverno passado e o achei muito desconfortável.

      —As reformas que Vossa Graça sugeriu foram feitas.

      Não muito entusiasmado com a sugestão, o Duque não respondeu. Garston continuou:

      —Há uma propriedade que Vossa Graça não visita desde muito moço, mas tenho a impressão de que não se interessa muito por ela.

      —De qual está falando?

      —De Queen’s Hoo, em Worcestershire. O Duque fitou-o por um momento.

      —Queen’s Hoo? Quase me esqueci de que tenho essa propriedade.

      —Ainda


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