Caçador Zero. Джек Марс

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Caçador Zero - Джек Марс


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não conseguiu terminar sua fala. A porta traseira foi aberta e Rais olhou para eles.

      — Saiam.

      Os joelhos de Maya se enfraqueceram quando ela deslizou para fora do banco de trás, seguida por Sara. Ela se forçou para olhar para os dois homens que tinham saído do barco. Ambos eram de pele clara, cabelos escuros e feições sombrias. Um dos dois tinha barba fina e cabelos curtos, usava uma jaqueta de couro preta e tinha os braços cruzados sobre o peito. O outro usava um casaco marrom, e seu cabelo era mais longo, em torno de suas orelhas. Ele tinha uma barriga que se projetava sobre o cinto e um sorriso nos lábios.

      Foi esse homem, o gordinho, que circulou as duas garotas, andando devagar. Ele disse algo em uma língua estrangeira - a mesma língua, Maya percebeu, que Rais falou pelo telefone no quarto do motel.

      Então, ele disse uma única palavra na língua dela.

      — Bonita — ele gargalhou. Seu parceiro de jaqueta de couro sorriu. Rais ficou parado estoicamente.

      Com essa palavra, uma compreensão penetrou na mente de Maya e se apertou como dedos gelados pressionando uma garganta. Havia algo muito mais insidioso acontecendo aqui do que simplesmente serem retiradas do país. Ela nem queria pensar nisso, muito menos entender. Não podia ser real. Isso não. Não com elas.

      Seu olhar encontrou o queixo de Rais. Ela não suportava olhar para os olhos verdes dele.

      — Você. — Sua voz estava baixa, trêmula, lutando para encontrar as palavras. — Você é um mostro!

      Ele suspirou gentilmente.

      — Talvez. Isso é tudo uma questão de perspectiva. Eu preciso atravessar o mar; vocês são minhas moedas de troca. Meu ingresso, por assim dizer.

      A boca de Maya se secou. Ela não chorou nem tremeu. Apenas sentiu frio.

      A Rais estava as vendendo.

      — Uhum — alguém limpou a garganta. Cinco pares de olhos se voltaram atentos quando um recém-chegado apareceu sob o brilho das luzes do barco.

      O coração de Maya subiu com uma esperança repentina. O homem era mais velho, talvez na casa dos cinquenta, vestindo uma calça cáqui e uma camisa branca prensada - parecia um trabalhador. Sob um braço ele segurava um capacete branco.

      Rais tirou a Glock e apontou em um instante. No entanto, ele não atirou. Outros ouviriam, Maya percebeu.

      — Calma! — O homem largou o capacete e levantou as duas mãos.

      — Ei. — O estrangeiro da jaqueta de couro preta deu um passo à frente, entre a arma e o recém-chegado. — Ei, tudo bem — ele disse com um sotaque acentuado. — Esta bem.

      A boca de Maya caiu boquiaberta em confusão. Bem?

      Quando Rais abaixou a arma devagar, o homem magro enfiou a mão na jaqueta de couro e tirou um envelope pardo amassado, dobrado em três partes e fechado com fita adesiva. Algo retangular e grosso estava dentro dele, como um tijolo.

      Ele entregou o envelope quando o trabalhador retirou o capacete.

      Meu Deus. Ela sabia muito bem o que estava no envelope. Este homem estava sendo pago para manter suas tripulações longe, para manter a área da doca limpa.

      A raiva e o desamparo aumentaram em medidas equivalentes. Ela queria gritar com ele - por favor, espere, ajude-nos - mas então seu olhar encontrou o dele, por apenas um segundo, e ela sabia que não adiantava.

      Não havia remorso em seus olhos. Sem bondade. Sem simpatia. Nenhum som escapou da garganta dela.

      Tão rapidamente quanto ele apareceu, o homem recuou para as sombras.

      — Foi um prazer fazer negócios com vocês — ele murmurou enquanto desaparecia.

      Isso não pode estar acontecendo. Ela se sentiu entorpecida. Nunca em toda a sua vida ela conheceu alguém que ficava de braços cruzados enquanto crianças estavam claramente em perigo - e aceitasse dinheiro para não fazer nada.

      O homem rechonchudo latiu alguma coisa em sua língua estrangeira e fez um gesto vago para as mãos delas. Rais disse algo em resposta que soou como um argumento sucinto, mas o outro homem insistiu.

      O assassino pareceu aborrecido enquanto pescava no bolso e tirou uma pequena chave prateada. Ele agarrou a corrente das algemas, forçando ambos os pulsos para cima.

      — Vou tirar isso de vocês — disse ele. — Então nós vamos entrar no barco. Se você quiser voltar viva para a terra firme, ficará em silêncio. Você fará como eu disser.

      Ele empurrou a chave na algema em volta do pulso de Maya e a abriu.

      — E nem pense em pular na água. Nenhum de nós irá atrás de vocês. Nós vamos assistir vocês congelarem até a morte e se afogarem. Levaria apenas alguns minutos. — Ele destravou a algema de Sara, e ela instintivamente esfregou o pulso dolorido e avermelhado.

      Agora. Faça agora. Você tem que fazer alguma coisa agora. O cérebro de Maya gritou, mas ela não conseguia se mexer.

      O estrangeiro da jaqueta de couro preta deu um passo à frente e segurou seu braço com força. O súbito contato físico quebrou sua paralisia, fazendo-a entrar em ação. Ela nem sequer pensou nisso.

      Um pé se levantou, com toda a força que conseguiu, e acertou a virilha de Rais.

      Quando isso aconteceu, uma lembrança cruzou sua visão. Levou apenas um instante, embora parecesse muito mais demorado, como se tudo tivesse desacelerado ao seu redor.

      Logo depois que os terroristas da Amun tentaram sequestrá-la em Nova Jersey, seu pai a puxou de lado um dia. Ele tinha que se ater à sua história para encobrir o acontecido - eles eram membros de gangues raptando garotas jovens na região, como parte de uma iniciação - mas ainda assim ele disse a ela: Eu não estarei sempre por perto. Nem sempre haverá alguém para ajudar.

      Maya jogou futebol por anos; ela tinha um chute poderoso e bem colocado. Um silvo de respiração escapou de Rais quando ele se curvou, as duas mãos voando impulsivamente para sua virilha.

      Se alguém te atacar, especialmente um homem, é porque ele é maior. Mais forte. Ele vai superar você. E por causa disso tudo, ele acha que pode fazer o que quiser. Que você não vai ter nenhuma chance contra ele.

      Ela empurrou o braço esquerdo para baixo, rápida e violentamente, e se soltou do homem de jaqueta de couro. Então ela se lançou para frente, na direção dele e o desequilibrou.

      Você não luta justo. Você faz o que precisa fazer. Virilha. Nariz. Olhos. Você morde. Você se agita. Você grita. Eles já não estão lutando justo. Você também não.

      Maya torceu o corpo para trás e, ao mesmo tempo, balançou um braço fino em um arco amplo. Rais estava encurvado; o rosto dele estava na altura de seus olhos. Seu punho bateu no lado do nariz dele.

      A dor imediatamente se espalhou através de sua mão, começando pelas juntas e irradiando pelo comprimento do braço, até o cotovelo. Ela gritou e agarrou a mão. Mesmo assim, Rais sentiu o golpe com força, quase caindo no cais.

      Um braço serpenteou ao redor de sua cintura e a puxou para trás. Seus pés deixaram o chão, chutando o nada enquanto ela debatia os dois braços. Ela nem percebeu que estava gritando até que uma mão grossa apertou o nariz e a boca, cortando o som e a respiração.

      Contudo, ela a viu - uma figura pequena ficando menor. Sara correu, seguiu de volta pelo caminho que tinham vindo, desaparecendo na escuridão das pilhas de carga.

      Eu consegui. Ela fugiu. Ela está longe. Qualquer que fosse o destino que a esperava, Maya, agora, não se importava. Não pare de correr, Sara. Continue, encontre alguém, encontre ajuda.

      Outra figura avançou como uma flecha - Rais. Ele correu atrás de Sara, também desaparecendo nas sombras. Ele era rápido, muito mais rápido que Sara, e parecia ter se recuperado rapidamente dos golpes de Maya.

      Ele


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