A próxima porta . Блейк Пирс

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A próxima porta  - Блейк Пирс


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frente. Quase caiu nos degraus a caminho do gramado, certa de que iria vomitar.

      Felizmente, o destino lhe poupou desse constrangimento. Ela respirou fundo várias vezes, e concentrou-se tanto na respiração que quase não percebeu quando Greene chegou, calmamente, pelos degraus.

      - Tem alguns casos que me deixam assim também – ele disse. Ele manteve uma distância respeitável, deixando que ela tivesse seu espaço. – Vai haver cenas muito piores. Infelizmente, em algum momento, você acaba se acostumando.

      Ela assentiu, e lembrou que já tinha ouvido aquilo antes.

      - Eu sei. É que... essa cena me lembrou de algo. Uma memória com a qual não gosto de lidar.

      - O FBI tem psicólogos incríveis para ajudar os agentes a lidar com coisas assim. Então nunca pense que você está sozinha ou que isso lhe torna menor do que os outros.

      - Obrigada – Chloe disse, finalmente conseguindo levantar novamente.

      Ela percebeu que, de repente, sentia muita falta da irmã. Por mais mórbido que fosse, pensamentos sobre Danielle invadiam sua mente sempre que ela lembrava do dia em que sua mãe morrera. Não fora diferente agora. Chloe não conseguiu não pensar em sua irmã. Danielle passara por muita coisa nos últimos anos—sendo vítima das circunstâncias e também de suas decisões erradas. E agora que Chloe morava tão perto, parecia inimaginável que elas continuassem tão longe uma da outra.

      Sim, Chloe havia convidado Danielle para a festa no final de semana, mas ela não poderia esperar tanto. E ela suspeitava que a irmã nem viria, na verdade.

      De repente, deu-se conta de que precisava ver a irmã naquele momento.

      ***

      Chloe não sabia porque estava tão nervosa quando bateu na porta de Danielle. Ela sabia que a irmã estava ali. O mesmo carro que ela tinha quando adolescente estava estacionado na garagem do condomínio, com os mesmos adesivos das bandas. Nine Inch Nails, KMFDM, Ministry. Ver o carro e aqueles adesivos lhe trouxeram uma sensação de nostalgia, mais triste do que qualquer outra coisa.

      Ela não amadureceu nada mesmo? Chloe imaginou.

      Quando Danielle abriu a porta, Chloe viu que não. Ou, pelo menos, era o que sua aparência parecia dizer.

      As irmãs olharam-se uma para a outra por cerca de dois segundos antes de finalmente darem-se um abraço rápido. Chloe viu que Danielle ainda pintava seu cabelo de preto. Ela também tinha ainda o piercing no lábio, no canto esquerdo da boca. Ela estava usando um pouco de delineador preto e vestindo uma camiseta de Bauhaus e uma calça jeans rasgada.

      - Chloe – Danielle disse, interrompendo um sorriso breve. – Como você está?

      Foi como se elas tivessem se visto um dia antes. Mas tudo bem. Chloe não estava esperando nenhum ato sentimental de sua irmã.

      Chloe entrou no apartamento e, sem ligar muito para como Danielle reagiria, deu outro abraço na irmã. Fazia um pouco mais de um ano que elas não se viam—e cerca de três que elas não se abraçavam assim. Algo no fato de as duas estarem morando na mesma cidade parecia conectá-las novamente—e isso era algo que Chloe podia sentir, algo que ela sabia que não precisava ser dito.

      Danielle retribuiu o abraço, embora sem muita vontade.

      - Então... você... está bem? – Danielle perguntou novamente.

      - Estou bem – Chloe respondeu. – Eu sei que deveria ter ligado, mas... Não sei. Tinha medo de que você arranjasse alguma desculpa para eu não vir.

      - Talvez eu tivesse arranjado mesmo – Danielle admitiu. – Mas agora que você está aqui, entre. Desculpe a bagunça. Bom, na verdade, não precisa me desculpar. Você sabe que eu sempre fui bagunceira.

      Chloe riu e quanto entrou no apartamento, surpreendeu-se ao ver o lugar relativamente arrumado. A área comum tinha poucos móveis, apenas um sofá, uma TV em uma estante, uma mesa de café uma lâmpada. Chloe sabia que o resto da casa seria igual. Danielle era o tipo de pessoa que vivia com o mínimo de pertences possível. A exceção, se ela não tinha mudado desde a adolescência (e parecia que não), era a música e os livros. Isso fazia com que Chloe se sentisse quase culpada pela casa espaçosa e elaborada que havia comprado recentemente com Steven.

      - Você quer café? – Danielle perguntou.

      - Sim, seria ótimo.

      Elas foram até a cozinha, que também tinha apenas o necessário. A mesa havia claramente sido comprada em um bazar, decorada minimamente com uma toalha. Havia apenas duas cadeiras, uma de cada lado.

      - Você está aqui para me convencer sobre a festa do bairro? – Danielle perguntou.

      - Não mesmo – Chloe disse. – Eu estava no estágio hoje e fui até a cena de um crime que... bem, me fez lembrar de tudo.

      - Nossa.

      O silêncio pairou ente elas enquanto Danielle ligou a cafeteira. Chloe viu a irmã se mover pela cozinha, um pouco assustada ao ver que ela não havia mudado. Parecia a mesma garota de dezessete anos que tinha saído de casa com a esperança de criar uma banda, contrariando o sonho de seus avós. Tudo parecia igual, até a cara de sono.

      - Você soube algo do pai ultimamente? – Chloe perguntou.

      Danielle apenas balançou a cabeça.

      - Pelo seu trabalho, acho mais fácil você saber de algo. Se tiver algo para saber.

      - Parei de procurar há um tempo.

      - Um brinde a isso! – Danielle disse, cobrindo seu pequeno bocejo com a mão.

      - Você parece cansada – Chloe disse.

      - Estou. Mas não com sono. O médico tinha me dado um desses estabilizadores de humor. Isso acabou com meu sono. E quando você cuida do bar e quase nunca dorme antes das três da manhã, a última coisa que você precisa é um remédio que fode com seu sono.

      - Você disse que o médico tinha te dado. Você não está mais tomando?

      - Não. Eles estavam fodendo meu sono, meu apetite e meu libido. Desde que parei, me sinto muito melhor... só que estou sempre cansada.

      - Por que ele te passou esse remédio? – Chloe perguntou.

      - Pra lidar com minha irmã intrometida – Danielle disse, em uma meia-brincadeira. Ela esperou um pouco até dar uma resposta honesta. – Eu estava começando a ficar um pouco depressiva. E isso estava vindo do nada. E eu lidei com isso de alguns jeitos... idiotas. Bebendo. Fazendo sexo. Vendo Fixer Upper.

      - Se era para depressão, você deveria voltar a tomar – Chloe disse, percebendo que estava sendo mesmo intrometida. – E para quê você precisa de libido, mesmo? – Perguntou com uma risadinha.

      - Para quem não está prestes a se casar, isso é muito importante. Você não consegue simplesmente deitar na cama e transar sempre que quiser.

      - Você nunca teve problemas para arranjar uns caras antes – Chloe disse.

      - E ainda não tenho – Danielle respondeu, trazendo as xícaras de café para a mesa. – Mas tenho trabalhado muito. Ultimamente mais ainda. E esse último... é um cara sério. Nós decidimos ir devagar... enfim.

      - É só por isso que estou casando com o Steven, você sabe – Chloe disse, tentando entrar na brincadeira com a irmã. – Cansei de ter que sair e procurar por sexo.

      As duas riram. O sorriso e as risadas deveriam ter parecido naturais, mas algo pareceu forçado.

      - Mas então, o que foi, mana? – Danielle perguntou. – Não é do seu tipo aparecer do nada. Não que eu saberia, já que faz quase dois anos que não conversamos.

      Chloe assentiu, relembrando a única vez em que elas haviam passado algum tempo juntas nos últimos anos. Danielle estivera na Filadélfia em um show e havia ficado no apartamento dela. Elas conversaram um pouco, não muito.


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