Atração De Sangue. Victory Storm

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Atração De Sangue - Victory Storm


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de estrada, a pensar em mil e uma coisas que podiam acontecer no espaço de seis meses.

      Entretanto a tia esperava-nos em casa com um belo chá quente e duas grandes fatias de tarte de maçã.

      Em casa pairava o cheiro a doces e maçãs, que perfumava todo o ambiente.

      No salão, o padre Dominick estava sentado no sofá, determinado a terminar o seu último pedaço de tarte. De certeza, que era a sua segunda ou terceira fatia. Era mesmo muito guloso.

      «Correu tudo bem?» perguntou a tia preocupada com a compra e com a minha expressão fúnebre.

      «Já temos a comida. O kevin vai casar-se com a Clara» resumiu Ahmed, antes que eu pudesse abrir a boca.

      «Até maio, muitas coisas podem acontecer!» especifiquei convicta.

      «Vera, não digas isso! É óbvio que o Kevin está muito apaixonado» repreendeu-me imediatamente a minha tia, feliz pela futura união dos dois jovens.

      «Não me interessa! Primeiro a Patty e agora a sua irmã! Aquelas duas existem apenas para me arruinarem a vida!» desabafei furiosa.

      «Em vez da tarte, preferias um pouco de pão e mel?» propôs-me candidamente a tia, sabendo o quanto isso me acalmava, mas eu não pretendia deixar-me corromper.

      «Não quero nada!» explodi antes de correr para o meu quarto e bater a porta, enquanto duas grandes lágrimas escorriam sobre a minha face.

      Estava desesperada! O meu lindíssimo sonho de amor tinha sido interrompido! Queria que fosse eu a casar com o Kevin em maio.

      Porque é que a vida tinha que ser assim tão injusta?

      MUDANÇAS

      Passei duas semanas infernais.

      Dentro de mim agitavam-se emoções, como a raiva, a frustração, a tristeza e a vingança, enquanto no exterior parecia apática e perto do suicídio.

      Não comia, não falava e não dormia.

      Enfraqueci muito rapidamente e quando me recusei a tomar uma hemodose, a tia Cecília ficou tão preocupada que chamou o padre Dominick.

      «Por quanto tempo pensas continuar assim?» perguntou-me Dominick, cansado do meu silêncio.

      «Para sempre» sussurrei.

      «Então és uma idiota. Claro que o Kevin tem a sua cota parte de culpa porque sempre te iludiu com os seus gestos carinhosos e gentis, mas foste tu quem construiu castelos no ar. Ele nunca disse que te amava e muito menos que queria estar contigo, assim se confundiste uma paixoneta de rapariguita imatura com amor, a responsabilidade é apenas tua. Cresce porque o amor é outra coisa» desabafou Dominick furioso.

      Era a primeira vez que se dirigia a mim daquela maneira e não estava mesmo nada à espera.

      Olhei-o chateada.

      «Então, diz-me o que é o amor» provoquei-o com um tom de voz ácido.

      «É um sentimento muito mais profundo, que se constrói com o tempo e estando próximo da outra pessoa tanto nos momentos mais felizes como nos mais difíceis. Se amasses realmente o Kevin, estarias feliz pela sua escolha, porque desejarias a sua felicidade e o seu bem-estar. O amor verdadeiro não é um desejo egoísta, como o teu!».

      Pensei muitas vezes naquelas palavras tão duras e fortes.

      Por fim, percebi que o padre Dominick tinha razão. Aliás, o que eu sabia verdadeiramente do Kevin, para além do facto que era sempre gentil com os clientes?

      Para ser sincera, não sabia nada dele.

      Não sabia qual era o seu prato preferido, que tipo de música escutava, o que gostava de fazer no seu tempo livre, para além de estar com a Clara, se era desorganizado ou meticuloso...

      Todavia, não conseguirei esquecer todos aqueles anos dedicados a fantasiar acerca dele e de uma possível história de amor toda nossa.

      Em poucos dias, voltei a comer, dormir e falar.

      A tia Cecília ficou tremendamente aliviada ao ver-me novamente em forma, sobretudo depois de ter tomado a minha hemodose e voltar a ser falastrona como antes. Durante dias tinha tentado fazer-me comer, preparando-me todo o género de comida, mas eu tinha desistido. A minha recusa contínua em dirigir-lhe a palavra, também a tinha feito desesperar.

      Por fim, também eu estava feliz por voltar a ser a Vera de antigamente.

      Um dia, era quase noite, quando o telefone tocou.

      Eu estava entretida com o enésimo filme de amor choramingas, por isso não lhe prestei atenção. Foi a minha tia a atendê-lo.

      Não conseguia compreender o que a tia dizia, mas apercebi-me que tinha acontecido algo de grave, porque o seu tom de voz mudou e ficou muito preocupada.

      Foi um curto telefonema.

      «Está tudo bem?» perguntei-lhe, quando a vi regressar da cozinha, onde tínhamos o telefone.

      «Infelizmente, o cardeal Montagnard morreu de um enfarte».

      «Lamento. Conhecias-lho bem?».

      «Sim. Estava muito ligada a ele e admirava-o tanto como homem, quanto como eclesiástico» explicou-me a tia com lágrimas nos olhos.

      Era a primeira vez que via a tia triste pela perda de alguém e não pensava que pudesse sofrer assim tanto.

      Ficou apática e silenciosa durante dias, atormentada pela sua dor.

      Por fim, decidi esperar a segunda-feira da semana seguinte.

      Na escola tinha sido convocada uma greve contra a lei da redução dos professores e por isso, teria todo o dia livre e estava determinada a levar a tia ao centro comercial para fazer compras.

      Ainda que não tivesse muito dinheiro de parte, devido à minha reduzida mesada semanal, tinha intenções de comprar-lhe um presente nem que para isso, gastasse todas as minhas poupanças.

      Queria levá-la às lojas e comprar-lhe um perfume, uma camisola ou um livro.

      Qualquer coisa que lhe fizesse voltar a sorrir.

      Por sorte, aquela segunda-feira chegou rápido.

      Levantei-me à hora habitual, mas desci com calma para tomar o pequeno-almoço, depois de me ter lavado e vestido cuidadosamente.

      «Vera, é tardíssimo! De certeza que vais perder o autocarro!» repreendeu-me a tia, mal coloquei os pés na cozinha.

      «Hoje não tenho que ir à escola! Há greve» expliquei-lhe imediatamente com um grande sorriso nos lábios.

      «Ah, sim. Talvez me tinhas dito... não me lembro» respondeu-me a tia com um tom de voz ausente.

      «Pois. Por isso, decidi ir à cidade, porque tenho que comprar um livro para a escola. Podes acompanhar-me, por favor? Menti. Sabia que se dissesse à minha tia que queria levá-la às compras, nunca aceitaria, mas se se tratasse de material escolar, estaria sempre pronta.

      «Está bem, mas agora não. Prometi ao Ahmed que falávamos sobre o novo gado, que chegará até o fim da manhã, mas hoje à tarde de certeza que te posso levar à livraria» assegurou-me.

      Projeto adiado.

      Detestava adiar os meus planos, porque depois chegava o enésimo contratempo a estragar tudo.

      Devia tê-lo antecipado para o dia anterior.

      Assim dei por mim a não saber o que fazer.

      Acabei por optar pela televisão.

      Passou-me a vontade de sair.

      Estava prestes a voltar para o quarto para mudar de roupa, quando de repente, soou a campainha.

      Fui abrir.

      Era Dominick acompanhado de dois homens altos


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