O conde de castelfino - Paixões mediterrâneas. Christina Hollis

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O conde de castelfino - Paixões mediterrâneas - Christina Hollis


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a uma secretária enorme de mogno e de costas para a janela era uma figura imponente. Sem saber o que fazer, olhou para trás, mas uma das secretárias tinha fechado a porta, impedindo qualquer possibilidade de fuga.

      Meg percorreu a distância até à secretária, enquanto Gianni escrevia qualquer coisa num bloco.

      Ouviu o latido de um cão ao longe e o tiquetaque de um relógio. O cão ladrou pela segunda vez. Sob a secretária, Gianni mexeu os pés.

      Parecia estar a testar os seus nervos e, de repente, Meg não conseguiu aguentar mais.

      – Peço desculpa por ter estado a espiar-te da minha janela à noite, mas o ruído do teu carro acorda-me e depois já não consigo voltar a adormecer…

      Gianni tinha levantado a cabeça quando começara a falar e olhava-a, com curiosidade descarada.

      – Isso é muito interessante, Megan. Extremamente interessante – murmurou, pousando a caneta e recostando-se na poltrona. – Sabias que não tinha a ideia de que fazias isso?

      Meg fez uma careta.

      – Não?

      – Chamei-te por uma razão totalmente diferente. Queria saber como estavas, só isso. Mas talvez queiras sair, voltar a entrar e recomeçar esta reunião.

      Ela olhou por cima do seu ombro. «Talvez fosse melhor», pensou. «Fingir que não tinha dito nada.»

      – Tenho de o fazer?

      – Não o disse a sério – Gianni riu-se, com aquela expressão divertida de que tanto tinha gostado na Feira de Flores de Chelsea. E que teve o mesmo efeito que então, acalmando os seus nervos e fazendo-a sorrir finalmente.

      – Talvez tenhas razão. Ter de enfrentar os teus assistentes, sem ter tomado um duche e mudado de roupa, é um verdadeiro desafio.

      – Pareces-me óptima – disse ele, olhando-a de cima a baixo.

      – Pois, eles não acharam – Meg sorriu. – Assim que me viram, puseram um plástico no chão… Nada de tapete vermelho para mim.

      – Não o leves a mal – Gianni sorriu. – Com frequência, vêm visitar-me pessoas que cuidam dos vinhedos ou do pomar de limões e o escritório ficaria imundo se não tomássemos algumas precauções.

      – Os empregados da casa não se parecem nada com as pessoas que trabalham no campo.

      – Os meus empregados são óptimos, todos eles, mas não te preocupes, Megan, eles não te vêem como uma ameaça.

      – Supõe-se que isso deva animar-me?

      – Sim, claro – disse ele. – Bom, vamos ao que interessa: como estás? Queria falar contigo, mas, assim que te vejo no jardim, desapareces para qualquer lado.

      – Eu também queria falar contigo.

      – Ah, isso parece promissor! Senta-te, por favor – Gianni assinalou a poltrona que havia à frente da secretária.

      Mas, para chegar até lá, teria de sair do plástico protector e ficou parada, sem saber o que fazer.

      – Não te preocupes com o tapete – ele riu-se. – Normalmente, a equipa de limpeza não tem muito para fazer por aqui e umas pegadas não os incomodarão.

      Meg deixou-se cair na poltrona e, apoiando os cotovelos na secretária, Gianni inclinou-se para a frente, com um sorriso nos lábios.

      Depois de todas as suas fantasias, das horas que tinha passado acordada, a perguntar-se o que dizer e como agir da próxima vez que se vissem, Meg voltou a ficar gelada. A sua confissão tola poderia ter sido um erro grave, porque, se Gianni tentasse alguma coisa, não conseguiria oferecer resistência. Nervosa, olhou para as mãos sobre o colo, tentando disfarçar.

      – Já que tenho a oportunidade, eu gostaria, se fosse possível… Enfim, eu gostaria de saber se há alguma possibilidade de que faças menos barulho à noite, quando voltas para casa. Porque, quando acordo, já não consigo voltar a adormecer – angustiada por ter sido tão parva para lhe fazer aquela confissão, Meg esperou que se risse do assunto.

      Mas a única coisa que fez foi recostar-se na poltrona e ficar calado.

      – Estive a pensar nisso desde que o mencionaste. Tu foste a primeira pessoa que mo disse. Nunca ninguém se queixou.

      Meg tentou brincar sobre o assunto:

      – Se calhar, têm medo de ti.

      – E tu, não?

      Parecia mais curioso do que zangado e Meg levantou o olhar. Parecia sereno, embora os seus lindos olhos escuros estivessem cheios de perguntas.

      – Terei de pensar nisso – disse, finalmente.

      Era verdade. Gianni Bellini podia ser aterrador, mas também era encantador e divertido. O problema era que não sabia se as suas emoções eram profundas ou genuínas.

      – Não demores muito a tomar uma decisão – ele sorriu.

      – Tentarei.

      – Portanto, acordo-te à noite, hã? Já pensaste que, enquanto estavas a observar-me, podias ter continuado na cama, a descansar?

      – Não faz sentido, àquela hora da madrugada. Prefiro levantar-me e pôr-me a trabalhar.

      – Eu sei. Quando eu vou para a cama, tu já estás no jardim.

      Meg franziu o sobrolho, surpreendida.

      – Como sabes?

      Gianni limitou-se a sorrir, enquanto esperava que ela somasse dois mais dois. E não demorou muito a fazê-lo. O caminho desde o seu pavilhão até à zona do jardim onde estava a trabalhar passava directamente à frente da casa e, certamente, vê-la-ia da janela do quarto dele.

      Meg teve uma visão deliciosa de Gianni nu, à varanda, a observá-la. Em qualquer altura poderia ter levantado o olhar, mas nunca o tinha feito.

      De qualquer forma, ele respondeu com um sorriso que parecia conter todo o tipo de possibilidades.

      – Não te preocupes. Agora que sou o conde de Castelfino, sairei menos e organizarei mais festas na villa. No futuro, não perturbarei o teu sono com tanta frequência – disse-lhe, como se soubesse que perturbaria sempre o seu sono. – Estarei demasiado ocupado a trabalhar… E o teu trabalho foi outra das razões pelas quais te chamei, na verdade. Estive a pensar numa coisa que disseste no dia em que chegaste aqui.

      – A que te referes?

      – Pedi um relatório sobre ti, Megan Imsey. Contaste ao meu pai que a tua habilidade era tão extraordinária ao ponto de rejeitares trabalhar para a família real inglesa?

      – Eu nunca disse nada parecido! – protestou Meg. – Não rejeitei o trabalho… Não podia aceitá-lo, o que é muito diferente. O meu pai sofreu um enfarte no dia a seguir a me terem oferecido o cargo… Eu já tinha aceitado, mas tive de o rejeitar, porque os meus pais precisavam de mim. São a única coisa que tenho e a família é mais importante do que uma carreira profissional.

      Gianni encolheu os ombros.

      – Pois, eu decidi que estás a desperdiçar o teu talento aqui.

      Meg ficou sem fôlego. Estava a desperdiçar o seu talento? O que queria dizer com aquilo?

      – O título de conservadora de plantas exóticas confina-te àquelas prisões de vidro e eu quero ver-te livre. Portanto, vais ser a chefe de jardinagem da villa Castelfino. Se o teu trabalho for satisfatório, poderás chegar a ser a coordenadora de horticultura de todas as minhas propriedades… Nos Barbados, nas ilhas Diamond e todas as outras.

      Meg não conseguia acreditar. Dizia-o como se fosse uma coisa sem importância e, no entanto, seria um sonho para ela.

      Gianni levantou-se e, dando a volta à secretária, sentou-se num canto, esticando as pernas. Se tinha querido tranquilizá-la ao aproximar-se, estava


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