A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way

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A meio da noite - Segura nos seus braços - Margaret Way


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a guardá-las no envelope. Depois, não soube o que fazer com ele, portanto deixou-o outra vez contra a cafeteira e saiu da cozinha.

      Subiu e, ao entrar na casa de banho, abriu as torneiras com um gesto distraído.

      E quem diabos era Craig?

      Despiu-se e deixou a roupa num monte pouco comum no chão e tentou conseguir fazer com que a água quente levasse a sua desilusão. Era a saída do cobarde… Um bilhete daqueles. Devia tê-lo imaginado.

      Aproximou-se e virou a torneira da água quente até que saiu quase a ferver.

      Pelo menos, ela tivera uma causa apropriada para não o ver no mês de Maio. Deixar um bilhete poderia ter sido uma atitude cobarde, mas fora a única coisa que conseguira fazer na altura.

      Porque o surpreendia tanto que lhe pedisse o divórcio? Há meses que não viviam juntos, que nem sequer falavam. O que achava Nick que ia acontecer?

      Como a banheira ameaçava transbordar, fechou as torneiras. Depois, encostou-se outra vez e tentou relaxar os tensos músculos dos ombros.

      Esfregou a cara e tentou não reparar no modo como cada som ecoava na casa de banho. Até pela casa. Precisara de meses para se habituar a viver sozinha.

      Sempre imaginara que a casa vitoriana com terraço seria um lar para Nick e para ela, um sítio onde poderiam ser felizes e que, a pouco e pouco, iriam enchendo de crianças. Quando ele desaparecera, levando consigo essa possibilidade, não suportara continuar ali. Demasiados sonhos tinham rebentado como balões.

      A única coisa que desejara fora um lar que fosse quente e acolhedor, um lugar onde pudesse entrar e sentir o amor.

      A casa onde crescera fora um palácio nos subúrbios, apropriado para o rei dos negócios que a habitava. Era uma pena que não a tivessem desenhado a pensar em crianças. A sua mãe tinha quarenta e um anos quando dera à luz e Adele suspeitava de que nunca o superara.

      Certamente, nunca deixara que a existência de uma filha travasse o seu ritmo de vida. Contratara uma ama e continuara com as viagens pelo mundo com o seu marido. Para ela, sempre fora um pouco distante e deslumbrante… um pouco como uma rainha.

      Apoiou a cabeça na banheira e olhou para o tecto. Tivera tantos planos para aquela casa, para a sua vida, e, com um movimento veloz, Nick voltara tudo ao contrário.

      Quando ele partira, ela tentara dar-lhe outra identidade. Uns quadros novos, plantas diferentes na sala…

      Regressara há apenas alguns dias e ela teria de começar novamente. E não se tratava de coisas físicas que não parava de encontrar pela casa. Não, dessa vez, estava tudo na sua cabeça e não tinha a certeza de dispor da força necessária para a limpar, não quando ia ter de passar o fim-de-semana com ele. Seria melhor esperar até segunda-feira.

      No entanto, não ia contá-lo a Mona, pois a sua amiga tiraria a conclusão errada da situação e pensaria que não falava a sério sobre o divórcio.

      Nick manteve a sua palavra… Não telefonou nos dias seguintes. Contudo, isso não impediu que Adele se assustasse cada vez que ouvia o telefone a tocar. No final, decidiu deixar que as chamadas fossem directamente para o atendedor de chamadas para não proferir mais saudações ofegantes. Começava a ser embaraçoso.

      Porém, na quarta-feira à noite, às oito e quarenta e três, ouviu a sua voz e ficou paralisada.

      «Adele? Sou eu. Eu… hum… precisamos de decidir a que horas queremos ir na sexta-feira de manhã».

      Houve uma longa pausa.

      «Telefonar-te-ei novamente mais tarde para ver se te encontro».

      Passaram cinco segundos, soube porque os contou, e depois ele desligou.

      Com cuidado, deixou o computador portátil no sofá e aproximou-se do telefone. Não reconheceu o número que aparecia no visor. Supôs que seria o do tal Craig.

      Carregou na tecla de chamada e esperou.

      – Sim?

      A voz era jovem, loira e estava a meio de um risinho. Adele ficou rígida.

      – Posso falar com Nick, por favor?

      – Claro. Está no outro quarto.

      Ouviram-se uns ruídos abafados e a rapariga tapou o auscultador com a mão. Não se esforçou muito, porque Adele continuou a ouvir tudo o que dizia.

      – Nicky! – gritou. – É para ti… Acho que é a tua mãe.

      Ouviu-o a rir-se ao aproximar-se do telefone e ela susteve a respiração quando pegou no auscultador.

      – Vesti roupa interior limpa para o caso de ser atropelado por um autocarro, mamã, prometo.

      – Ainda bem para ti.

      – Adele!

      – Craig parece mais loiro e com uma voz mais fininha do que eu imaginava.

      – Eh? Oh, não. Essa é Kai. É a namorada dele… esta semana. Como sabias que era loira?

      Adele revirou os olhos.

      – Adivinhei.

      – Suponho que ouviste a minha mensagem.

      – Sim.

      – Bom, vamos na sexta-feira ou no sábado?

      Mordeu o lábio inferior. Um dia adicional com Nick ia ser difícil, porém, podia ser a última vez que veria a sua família. Um jantar familiar parecia-lhe maravilhoso.

      – Posso ir na sexta-feira.

      Ouviu-o soltar o fôlego.

      – Óptimo. Mas vamos ter de sair cedo.

      – A que horas?

      – Não sei. Ainda não fiz os cálculos.

      Típico. Obviamente, não pensara nada acerca do assunto.

      – Bom, a que horas é o jantar?

      – Um segundo… A mamã telefonou-me para me dar todos os detalhes. Só tenho de os encontrar.

      Ouviu-o pousar o telefone numa superfície dura.

      – Bom – anunciou ele, pouco depois. – Começa às oito horas.

      – O nosso objectivo devia ser chegar lá às seis no máximo. Dar-nos-á tempo para esticar um pouco as pernas. Quanto tempo demora a viagem?

      – Debbie diz que ela demora nove horas, mas está uma hora mais perto do que nós, portanto sugiro que partamos às oito.

      – É melhor às sete. Temos de ir pela M25 – ouviu Nick gemer. – Então, a que horas vens buscar-me?

      Silêncio durante alguns segundos.

      – Tu é que tens o carro, Adele. Eu não trouxe nenhum na minha bagagem de mão.

      Adele fechou os olhos e deixou-se cair no sofá.

      – Então não só vou ter de estar num carro contigo durante onze horas, como também tenho de conduzir?

      – Podemos alternar. Deixar-te-ei fazer o primeiro turno.

      – Céus, obrigada – abriu os olhos e cravou a vista no tecto. – É melhor dares-me a morada de Craig. Quero que estejas à minha espera à porta às sete em ponto ou partirei sem ti.

      Perguntou-se se não soara demasiado como a mãe dele.

      – Como quiseres.

      Soube que ele devia estar a sorrir satisfeito e ela não conseguiu conter um sorriso.

      Aquele homem era impossível. Impossível.

      Se não fosse tão cedo, Adele teria tocado a buzina com vontade. Já era suficientemente mau ser a motorista sem ter de estar à espera no carro com temperaturas abaixo


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