A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way

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A meio da noite - Segura nos seus braços - Margaret Way


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suspirou e endireitou-se na cadeira.

      – Proponho que tratemos a situação de forma adulta. Irei à Escócia contigo. Adoro a tua mãe e não quero perturbá-la, mas…

      Nick levantou-se com um salto e abraçou-a.

      – Obrigado – sussurrou-lhe ao ouvido. – A sério. Isto vai significar muito para a minha mãe. Não sabes como me sinto agradecido.

      Ela apoiou as mãos sobre os seus ombros para o impedir de continuar a apertá-la, porém, o seu cheiro e a sensação quente que emanava dos seus braços, que a rodeavam, começaram a alterar-lhe os sentidos. Há tanto tempo que não abraçava ninguém…

      De facto, não o fazia desde que Nick se fora embora. Mona não era muito propensa a essas manifestações, como tal, só podia fazê-lo com a pequena Bethany e o seu irmão mais velho, Josh. Porém, até esses abraços eram agridoces, recordando-lhe o que poderia ter sido e o que jamais seria.

      Devagar, foi consciente de que as mãos que tinham estado a apertá-la, nesse momento estavam apoiadas nas suas costas. Os dedos começaram a mexer-se, acariciando-a com suavidade, até lhe provocarem um calafrio e um formigueiro que acabou por se situar atrás das suas orelhas.

      Depois, ouviu-o conter o fôlego, como se tivesse inspirado a sua fragrância e isso não lhe fosse suficiente. Foi a sua perdição. Sentiu lágrimas nos olhos.

      Desejava os dias de feliz ignorância, quando acreditara que a relação duraria para sempre. Sentia falta do conhecimento de que, pelo menos aos olhos de alguém, era especial. Foi uma pena que a realidade tivesse de invadir a fantasia.

      Ele chegou-se para trás para olhar para ela e ela viu um desejo semelhante nos seus olhos.

      – Adele – sussurrou, enquanto baixava a cabeça.

      A sua intenção era afastar-se do beijo, contudo, não conseguiu. Estava aprisionada num campo magnético que a mantinha agarrada a ele. Talvez fosse um truque da memória, ou talvez porque, sem saber, estivera à espera daquele momento durante os últimos nove meses. No entanto, aquele beijo foi ainda melhor do que os que se esforçara em excesso para não recordar, mais electricamente carregado, mais terno, mais doce, mais… tudo.

      Recuperou a prudência quando sentiu que subia os dedos para a parte superior do casaco do pijama. O que estava a fazer? Enlouquecera?

      Não podia esquecer que, quando enfrentara a pior crise da sua vida, ele a abandonara. Não pudera depender dele. Sem importar o quanto se amassem ou como a sua química fora perfeita, não significava que pudessem sobreviver a um futuro juntos sem se despedaçarem mutuamente.

      Deixou o botão no seu sítio e afastou-se dele.

      Nick estendeu os braços, mas ela abanou a cabeça.

      – Isto não muda nada.

      De facto, sim, mudara. Mostrava-lhe ainda melhor o caminho que tinha de tomar. Se queria manter o seu coração a salvo daquele homem, ia ver-se obrigada a tomar medidas drásticas.

      – Como disse, proponho que nos ocupemos disto de um modo adulto, esquecendo como foi uma tolice manteres a tua mãe na ignorância.

      O sorriso de Nick hesitou.

      – Tentava poupar-lhe uma tensão adicional num momento em que já estava saturada. Sabes? O cancro de mama é bastante sério. Eu não diria que o que fiz foi algo infantil.

      Por dentro, sentiu-se perturbada, mas por fora certificou-se de não mexer nem uma pestana.

      – Eu sei que o cancro é algo sério. Não sou estúpida. Estou apenas a dizer que encaraste a situação da forma errónea. Lidaste com o assunto como fazes sempre, levando as coisas de momento em momento, em vez de considerar as consequências a longo prazo. Tens de lhe contar a verdade sobre nós.

      – Qual é a verdade, Adele? Num minuto, afastas-me e no seguinte… Por exemplo, o que aconteceu agora mesmo?

      Ela recuou até que bateu na bancada.

      – Simplesmente mostraste um excesso de entusiasmo, como é habitual.

      – Fazes com que pareça um cão labrador.

      Adele engoliu em seco. A sua intenção não fora insultá-lo, apenas mantê-lo afastado da melhor maneira que sabia… com palavras.

      E a verdade era que, no seu lado positivo, Nick era muito parecido com um labrador: leal, carinhoso e com uma energia inesgotável, mas isso não o tornava menos destrutivo e havia mais em jogo do que uns sapatos mordidos ou um jornal destruído.

      – Tu também te mostraste bastante entusiasta – acrescentou ele.

      Tinha razão. Dedicara quase um ano a levantar cuidadosamente as suas defesas contra ele e, em apenas vinte e quatro horas, Nick transformava-as em gelatina.

      – Queres uma resposta em relação à direcção que esta relação vai seguir?

      Ele levantou as mãos.

      – Esperava que pudéssemos decidi-lo a caminho de Invergarrig.

      – Não é preciso esperar até este fim-de-semana. Posso dizer-to agora – Nick olhou para ela com frieza. – Irei à festa contigo, mas com algumas condições.

      – Condições – repetiu.

      – Sim. Está na hora de deixares de confundir as vidas dos outros. Está na hora de assumires a responsabilidade dos teus actos.

      A boca dele transformou-se numa linha. Ela continuou:

      – Far-te-ei este favor se aceitares que nos divorciemos. Quando regressarmos da Escócia, irei falar com um advogado.

      Não teria podido parecer mais aturdido nem que ela o tivesse esbofeteado. De facto, Adele sentiu um grande vazio no coração ao ouvir as suas próprias palavras.

      Já estava. Expressara-o em voz alta e já não podia desfazê-lo.

      – Está na hora de seguir em frente. Tenho uma vida própria e não posso passar o resto dela a ordenar as coisas à tua passagem.

      Nick olhou para ela nos olhos e ela sentiu que se encolhia por dentro. Pareceu-lhe que, de repente, a sua energia se esgotara.

      – Perfeito. Pelo menos agora sei o terreno em que piso.

      Deixou o envelope apoiado contra a cafeteira, pois sabia que aquela seria a primeira paragem de Adele depois de um dia atarefado no escritório.

      A sua mala esperava-o no hall. Levantou-a e, ao sair, fechou a porta com suavidade.

      As chaves estavam quentes quando as tirou do bolso de trás. Em comparação, a metálica caixa do correio parecia gélida devido à geada da noite. Levantou a tampa e pôs o porta-chaves no interior. Ao ouvi-lo cair, virou-se e afastou-se.

      O ar parecia curiosamente imóvel quando Adele abriu a porta de entrada e pousou a mala no lugar habitual. Enquanto tirava o casaco e o pendurava no armário, tentou descobrir o que faltava.

      Nick devia estar no seu atelier a tentar aperfeiçoar o seu famoso sangue falso. Prepararia um bom jantar e falariam da situação com calma e racionalidade. A única coisa que se passava era que não funcionavam bem como casal, mais nada. Não havia motivo para que a separação não pudesse ser amigável. Ainda podiam ser amigos.

      O envelope foi a primeira coisa que viu ao entrar na cozinha. Franziu o sobrolho. Era a caligrafia de Nick com um marcador verde.

      Abriu-o e tirou umas folhas arrancadas de um bloco de notas de argolas.

      Adele, vou ficar em casa de Craig algumas noites… Pensei que era melhor para ambos dispormos de um pouco de espaço. A minha mãe gostaria que estivéssemos em Invergarrig na sexta-feira para um jantar familiar. Diz-me se te parece bem, caso contrário, iremos no sábado. Telefonar-te-ei dentro de alguns dias, quando ambos estivermos


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