O Gato Sortudo. L.M. Somerton

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O Gato Sortudo - L.M. Somerton


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banho rápido e em seguida vestiu uma calça de moletom confortável e uma camiseta de Harvard que tinha sido um presente de um dos seus irmãos. Sua minúscula cozinha estilo galé não tinha espaço para uma cafeteira sofisticada, então ele optou por uma prensa francesa, obtendo sua costumeira sensação de prazer quando pressionou o êmbolo para espremer os grãos. Ele ainda tinha um brownie do início do dia, então acomodou-se no sofá com seu laptop, uma caneca de café e sua guloseima e começou a pesquisar um crime antigo. Só para o caso do Sr. Gostosão aparecer amanhã à noite. “A quem estou enganando? Ele queria algo de mim e sabia a melhor maneira de obtê-lo. De maneira nenhuma um cara tão perfeito estaria interessado em mim.” Landry suspirou. Ele devia a Gage o benefício da dúvida. Ele tinha parecido interessado e Landry não acreditava que alguém poderia fingir aquele tipo de domínio. Ele apostaria um bom dinheiro que o homem era dominante da cabeça aos pés. Ele se contorceu ao pensar em Gage dando uma surra com aquelas mãos grandes. Ele se perguntava em que Gage poderia estar interessado, se eles fossem compatíveis.

      Afastando sua mente de bondage e CBT — a tortura do pênis e das bolas —, Landry mergulhou em um website que dava detalhes dos maiores assaltos no mundo das artes, questionando o valor de algumas pinturas. Quando ficou entediado com sua pesquisa, Netflix forneceu entretenimento na forma do filme de Hitchcock Ladrão de Casaca, um filme sobre um ladrão estrelado por Cary Grant e Grace Kelly. No momento em que Landry rastejou para a cama naquela noite, ele estava imaginando um Gage mascarado, vestido de preto, roubando os ricos e depois voltando para casa para expressar sua euforia batendo nas nádegas de Landry. Ele olhou para a prateleira ao lado da sua cama, que abrigava sua coleção de gatos da sorte quebrados e surrados. Talvez eles me tragam um pouco de sorte quando se trata de homens, não que eles tenham sido bem-sucedidos até agora. Ele se aconchegou sob as cobertas e fechou os olhos. Nada de contar carneirinhos para mim hoje à noite. Que venham os sonhos.

      Capítulo Três

      Para Landry, sábado era sempre o dia menos agradável em Treasure Trove porque era muito movimentado. Sr. Lao era um tradicionalista e não abria aos domingos, então quem não podia ir à loja durante a semana fazia questão de ir até lá aos sábados. Clientes habituais eram complementados com turistas, transeuntes curiosos e preguiçosos em geral em busca de uma pechincha que jamais iriam encontrar. Sr. Lao conhecia seu trabalho. Ele nunca iria perder uma marca registrada escondida por camadas de sujeira ou confundir uma obra de arte genuína com uma falsa. Ele tinha um conhecimento substancial sobre coisas antigas que Landry esperava aprender com o tempo. Por enquanto, seu trabalho era buscar e transportar, ser agradável com os clientes e manter as coisas limpas e, se não arrumadas, apenas moderadamente arriscadas. Sábado era um dia de hematomas, quando cada pedaço de madeira de borda afiada acertava suas canelas, quadris e braços. Ao fechar, Landry estava cansado, dolorido e ranzinza. Sr. Lao o deixou para fechar a loja sozinho, dizendo que seria uma boa prática para as próximas três semanas, então precisamente às 20:01, Landry se aventurou em uma rua enevoada para baixar as venezianas de segurança.

      Ele estremeceu quando o ar úmido encharcou sua camiseta fina. A atmosfera era assustadora com uma visibilidade tão ruim. Os postes de luz e as luzes de freio dos carros que passavam tinham atenuado os halos, seu brilho mal penetrando na névoa cinza rodopiante. Porra, isso daria um bom cenário para um filme de terror. Landry lutava com a longa vara que precisava puxar para fechar a veneziana. O gancho de metal na extremidade da vara não era tão grande e Landry teve que semicerrar os olhos para ver o buraco pelo qual deveria passar a vara. Ele praguejou ao errar pela terceira vez. Ele não seria muito útil para se defender de um vilão de filme de terror se nem conseguia fechar as persianas.

      “Você precisa de ajuda com isso?”

      Landry saltou cerca de trinta centímetros no ar e largou a vara, que o acertou na têmpora e depois se emaranhou ao redor das suas pernas, deixando-o de joelhos.

      “Porra, porra, porra. E ai.” Ele esfregou a cabeça. “Você sempre se aproxima furtivamente das pessoas assim?”

      Gage pairava sobre ele, sorrindo. “Já de joelhos. Eu sabia que você ficaria feliz em me ver. E não me aproximei furtivamente, você não estava prestando atenção.” Ele agarrou a vara, enganchou a veneziana da primeira vez e puxou-a para baixo com um movimento suave.

      “Típico.” Landry se levantou com dificuldade. Ele fechou as persianas com cadeados. “Eu teria conseguido da próxima vez.”

      “Claro que sim. Vou carregar a vara para você, é provável que você acerte a cabeça de alguém com ela. Provavelmente você mesmo.”

      “Sou perfeitamente capaz de segurar minha própria vara, muito obrigado.” Landry tentou agarrá-la.

      “Tenho certeza que você é.” Gage bufou de tanto rir e Landry percebeu o que disse. “Você pode me dar uma demonstração mais tarde.” Ele continuou segurando a vara.

      “Oh, meu Deus. Você ainda está no ensino médio. Eu estava pensando que o imaturo era eu.”

      “Desculpe...” Gage mal conseguia falar de tanto rir. “Você está pronto para sair?”

      “Eu pareço estar pronto?” Landry ficou parado no meio da calçada, com as mãos nos quadris. “Terminei o trabalho há cerca de dois minutos.”

      “Neste nevoeiro, não sei dizer.” Gage olhou para ele. “Você está um pouco empoeirado.” Ele pegou algo no cabelo de Landry. “E você tem uma aranha de estimação habitando sua juba.” Ele acenou alguns fios de teia de aranha na direção de Landry.

      Landry pulou, batendo na cabeça. “Ela se foi? Ela se foi?”

      “Na verdade, nunca vi uma aranha... apenas teias de aranha.”

      “Você... você...” Landry bateu o pé. “Você é inacreditável.”

      “E você é um pirralho.” Gage deu-lhe um tapa rápido na bunda. “Banho. Reservei nossa mesa para as vinte e uma horas.”

      Landry tentava decidir se era sábio dizer a Gage para ir se foder, mas a curiosidade venceu. Sua bunda doía com um golpe e ele queria mais disso. Gage era irritante, mas intrigante. Ele não recuou da atitude de Landry, na verdade, isso pareceu atraí-lo mais. “Temos que dar a volta por trás.”

      “Achei que você tivesse terminado de trabalhar.”

      “Terminei, mas moro lá em cima.” Landry apontou para o prédio. “Isso não apareceu em suas verificações de antecedentes?”

      “Provavelmente… Devo ter perdido essa página do relatório.”

      Gage, ainda carregando a vara, seguiu Landry pela lateral do prédio. Um portão na parede limite levava a um pequeno pátio, cheio de potes de terracota de tamanhos variados. Havia uma porta gradeada no prédio entre uma pilha de caixotes de madeira e uma planta de origem indeterminada em uma urna de vidro.

      “Você deveria ter mais iluminação aqui. Não é seguro.”

      “A única coisa que pode me fazer pular aqui,” Landry disse, “é um rato. Nesta parte da cidade, eles crescem até o tamanho de vombates.”

      “Vombates?”

      “Por que não?”

      “Não acho que tenhamos vombates nos Estados Unidos.”

      “Bem, nós deveríamos. Eles são fofos. Voltando ao assunto, nunca tive problemas para fechar a loja. Esta área é segura e não é um pouco cedo para ficar superprotetor?”

      “Não.”

      “Tuuuudo bem então.” Landry destrancou a porta dos fundos. Gage estava tão perto dele. Ele tropeçou ao entrar, mas Gage o segurou, evitando uma queda. “Você pode me soltar agora.”

      “Acho que não.” Gage colocou a vara em um canto e depois empurrou Landry contra a parede mais próxima, empurrando um joelho entre suas coxas, forçando suas pernas a se separarem. Ele agarrou os pulsos


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