Paixão cruel - Três semanas em atenas. Janette Kenny

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Paixão cruel - Três semanas em atenas - Janette Kenny


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      Também não sabia se devia enfurecer-se com a sua arrogância ou deixar-se levar pela paixão.

      – O jantar será servido dentro de quinze minutos – disse ele.

      Sem se incomodar em secar-se, vestiu os calções de ganga afastou-se para a casa sem olhar para trás.

      Completamente frustrada, Kira começou novamente a percorrer a piscina de uma ponta à outra, apesar de os seus músculos lhe pedirem um descanso.

      Depois de um duche rápido, Kira vestiu um vestido estampado em tons azuis e uma cor castanha intensa que condizia com os olhos de André. O facto de fazer aquela comparação confirmava que ainda continuava em terreno pantanoso com ele. E o facto de as suas emoções dançarem como num carrossel devido à gravidez também não a ajudava muito.

      Tão depressa o odiava como desejava as suas carícias, os seus beijos. Até pensara em iniciar um debate com ele, mas rapidamente o descartou. O seu primeiro confronto verbal levara-os directamente para a cama.

      Tendo em conta como se derretera nos seus braços na piscina, Kira receou o momento de se sentar em frente dele na mesa. Mas os seus receios foram em vão.

      Pouco depois de se sentar à mesa com ele, André recebeu uma chamada que não podia esperar.

      Kira olhou para ele, alarmada. O seu primeiro receio foi que estivesse a levar a cabo as ameaças de destruir o hotel.

      – Se isto tem a ver com o Château… – começou ela.

      – Nada disso – disse ele e, depois de acabar o seu copo de vinho, levantou-se. – Desfruta do jantar.

      E, sem olhar para trás, saiu da sala de jantar sem tocar na comida.

      Kira tinha os nervos à flor da pele. Não sabia se André lhe contaria a verdade, já que estava convencido de que era a cúmplice vingativa de Peter Bellamy.

      Seria por alguma coisa relacionada com o Château? E a que se referia quando dissera que tinha provas electrónicas das suas maquinações com Peter Bellamy? Não podia ser verdade, a não ser que alguém as tivesse criado sem ela saber. Sabia que muitos empregados do Château a desprezavam, mas ninguém tinha o poder de vender as acções de Edouard Bellamy.

      Ninguém, excepto Peter. O seu filho e testamenteiro do testamento do seu pai. Seria ele quem quereria arrebatar-lhe a sua herança? Kira deixou o garfo no prato e esfregou as têmporas. Talvez Peter tivesse descoberto a sua verdadeira relação com Edouard e a odiasse tanto como Edouard previra.

      Desde o acidente de Edouard e da sua morte, o mundo de Kira ficara destruído. As suas acções tinham desaparecido quando André comprara as acções do Château.

      Fora por isso que tivera de ir à ilha pela primeira vez, para falar com ele, embora André jurasse que ele nunca acedera àquela reunião. Ter-lhe-iam armado uma cilada?

      André estava convencido de que ela estava a conspirar com Peter para o arruinar. Não era verdade, mas ela não sabia como provar a sua inocência. Não sabia o que fazer, nem em quem confiar, para além de Claude, o seu advogado.

      Recostou-se na cadeira. Já perdera todo o apetite e também a pouca energia que restava. Só queria deitar-se na cama e dormir. Queria esquecer aquele pesadelo em que se transformara a sua vida.

      Levou a mão à barriga. Apesar dos seus receios e preocupações, sorriu. Acima de tudo, o mais importante era proteger o seu filho. E a melhor maneira de o fazer era descansar.

      Deixou o guardanapo na mesa e levantou-se. O seu olhar encontrou-se com o de André.

      Como antes, a postura dele era aparentemente indiferente, apoiado na ombreira da porta, com os braços para baixo e um pé cruzado sobre o tornozelo.

      Mas a sua expressão era sombria e implacável e, nos seus olhos, via-se uma clara expressão de censura. Estava furioso e Kira perguntou-se se se devia à conversa telefónica ou a ela.

      – Há quanto tempo estás aí? – perguntou ela.

      – Há tempo suficiente para saber que não comeste praticamente nada – reprovou-a ele.

      – Não tenho muito apetite – disse ela.

      – Sim, claro. Tens de fazer com que o teu corpo continue a ser desejável – disse ele, brincalhão.

      O belo rosto masculino aparecera em muitas revistas económicas, mas ela só vira aquela expressão feroz uma vez. Há três meses, quando ela fugira de Petit Saint Marc.

      Depois, tinham acontecido tantas coisas… Parecia quase surreal como ela passara de ser relações públicas no Cygne em Londres a accionista do Château Mystique de Las Vegas e a amante inesperada de André.

      Embora tudo estivesse tão longe que parecia ter acontecido noutra vida.

      Ele estava furioso, totalmente rígido, com os dentes cerrados. A sua expressão era mais a de um pirata sanguinário do que a de um magnata internacional.

      – Passa-se alguma coisa? – perguntou ela, ao vê-lo tão tenso.

      – Os meus guardas interceptaram um grupo de paparazzi à frente da ilha – respondeu ele, encolhendo os ombros, embora a sua desconfiança fosse evidente.

      – Isso devia agradar-te – disse ela, suspeitando que a presença dos meios de comunicação social era frequente na ilha.

      Ele endireitou-se e entrou na sala de jantar como um predador a cercar a sua presa.

      – Quanto te pagam por continuares com esta farsa? – perguntou ele, furioso, aproximando da mesa.

      – Suponho que te referes a Peter – disse ela, com um sorriso amargo. – Mas a resposta é a mesma. Não conheço Peter Bellamy pessoalmente e nunca segui as suas ordens.

      – Claro, só de Edouard – disse ele, cuspindo as palavras com raiva. – Escolheu-te bem quando te seleccionou para o seu filho – acrescentou.

      Kira sentiu vontade de lhe atirar o jarro de água à cabeça.

      – Porque o odeias tanto? – Kira percebeu que, antes de contar o seu segredo a André, devia conhecê-lo muito melhor.

      – Porquê? – à pergunta seguiu-se uma gargalhada cáustica e carente de humor. – Edouard Bellamy destruiu a minha família.

      Kira sentiu náuseas.

      – Foi por isso que planeaste ficar com o Château e destruir Bellamy?

      – Pura vingança, ma chérie.

      – Mas Edouard morreu.

      O sorriso de André fê-la sentir-se como se a tivessem atirado para um mar de gelo.

      – Não sabes que os pecados dos pais recaem sempre sobre os filhos?

      Kira conseguiu assentir fracamente, embora lhe tremessem os joelhos.

      – Mas o que é que Peter te fez?

      – É um Bellamy.

      Aquela resposta dizia tudo. Porque ela também era uma Bellamy, a filha de Edouard. E o seu filho, o filho dos dois, tinha o sangue dos Bellamy nas veias. Tinha de fugir de Petit Saint Marc antes que descobrisse a verdade, antes que a sua vingança contra os Bellamy a destruísse, a ela e ao seu filho.

      Capítulo 5

      André observava Kira com intensidade. Ela estava tão pálida que parecia prestes a desmaiar. Viu-a cambalear ligeiramente, tudo por lhe confessar a sua intenção de destruir o império de Edouard Bellamy.

      – Foi um dia muito difícil – disse ela, finalmente. – Preciso de dormir.

      Ele também, mas estava furioso com o relatório inicial do seu detective privado.

      – Acabei de descobrir que Edouard Bellamy pagou a tua educação


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