Paixão cruel - Três semanas em atenas. Janette Kenny
Читать онлайн книгу.desconhecesse a verdadeira razão por que o seguira até ali. Ele era o pai do seu filho.
Sem outra palavra, André saiu do quarto e fechou a porta à chave atrás dele.
Kira saltou da cama e verificou que não era possível abrir a porta.
– Abre a porta! – gritou, batendo na madeira. – Temos de falar.
– Disse tudo o que tinha de dizer.
– Não podes deixar-me aqui fechada.
– Veremos…
Kira não queria desesperar-se, mas estava fechada numa ilha com um homem que só queria vingar-se dela e ainda por cima estava grávida dele.
Mas se André achava que conseguiria desarmá-la, estava muito enganado.
Capítulo 4
André ficou de pé no corredor, ofegando e com os punhos cerrados. Não fora a sua intenção fechá-la no quarto, mas, assim que a abraçara e a beijara, soubera que, se não se afastasse dela, teria de a possuir ali mesmo. Sabendo de antemão qual era a reacção feminina cada vez que se aproximava dela ou lhe tocava, o desejo de a possuir era mais forte do que nunca.
Por isso fechara a porta, para evitar que o seguisse.
Nunca sentira uma intensidade sensual como aquela com nenhuma mulher. Com Kira, alcançara um nível de prazer que sempre temera, mas que sempre conseguira controlar com uma força de vontade poderosa.
Fora apenas uma noite de paixão. Só uma, mas ele recordava cada detalhe. O sabor da sua pele, a força sedosa dos músculos femininos tensos contra os dele, a reacção apaixonada a cada carícia das suas mãos, da sua boca, do seu corpo.
Mas não, ele não repetiria os erros do seu pai. Ele não ficaria cego de paixão por uma mulher.
Ele não tropeçaria na mesma pedra que o seu pai.
Além disso, Kira era a amante do seu inimigo. Fora lá para o seduzir, para arrastar o seu nome pela lama. E conseguira, destruíra o negócio mais lucrativo da sua vida e fizera com que fizesse uma figura ridícula com a sua noiva e com o mundo.
O seu inimigo ganhara a primeira batalha, mas não ganharia a guerra.
Praguejando, André foi para o seu quarto para tomar um duche para relaxar.
Estava cansado, excitado e enojado consigo próprio. Passar boa parte do dia perto de Kira estava a enlouquecê-lo de lascívia.
Entrou na casa de banho do seu quarto e pôs-se sob a água fria do duche. Apoiou as duas mãos nos azulejos e baixou a cabeça, deixando que a água fria diminuísse o seu ardor e a sua raiva. As emoções intensas que lutavam no seu interior eram totalmente novas e ele detestava ter voltado a perder o controlo com ela.
Sim, aquilo tinha de ser semelhante ao inferno que o seu pai suportara durante o seu casamento. E André não estava disposto a passar pelo mesmo.
Reviu a situação. Levara Kira para Petit Saint Marc, o que significava que Peter Bellamy tinha de estar furioso, sabendo que a tinha prisioneira e que ele podia usar qualquer meio necessário para lhe tirar a informação que quisesse sobre a Bellamy Enterprises. No entanto, Bellamy não dera sinais de vida. Mais ainda, continuara com a sua vida como se não tivesse acontecido nada. Quais eram os seus planos?
André não podia descartar que Bellamy antecipara a sua reacção, que tentaria usar Kira para o vencer. Talvez fosse por isso que Kira não mostrara muita resistência a deixar o Château.
Era uma possibilidade que não podia ignorar.
Talvez o seu plano fosse deixar que os paparazzi o surpreendessem novamente na ilha junto da amante bela e sedutora do seu inimigo. Com raiva, fechou a água, decidido a não se deixar iludir outra vez.
Saiu para o quarto encharcado e ainda meio excitado. Olhou para o painel de segurança, sorriu e depois escreveu os números que desactivavam a fechadura da porta de Kira.
A aparente falta de interesse de Bellamy face ao desaparecimento de Kira despertava as suas suspeitas. Se ela não tentasse fugir, provavelmente significava que já tinha outro plano preparado com Bellamy, no caso de André tentar usar Kira para destruir Bellamy.
Mas não voltariam a gozar com ele. Alertara os guardas de que ninguém podia aproximar-se da ilha excepto os clientes do hotel e dispusera patrulhas costeiras pela mesma razão.
Kira apoiou uma mão na porta da casa de banho do quarto e segurou a maçaneta da porta com a outra, com o coração acelerado. Fora precisamente quando ia tomar um duche que ouvira o barulho da fechadura da porta, embora não ouvisse que se abrira a porta.
Com o coração cada vez mais acelerado, ouviu com atenção, mas o único som que detectou foi o barulho da ventoinha do tecto e os batimentos do seu coração.
Esperou pelo aparecimento de André com uma mistura de ansiedade e receio, mas a espera foi em vão. Com um suspiro de resignação, saiu para o quarto e verificou que a porta já se abria.
Espreitou para o corredor, mas não viu ninguém.
No entanto alguém abrira as cortinas pesadas do hall e abrira as janelas para deixar entrar a brisa do oceano. Aguçou o ouvido, mas só ouviu um ligeiro murmúrio de vozes no andar inferior.
Kira fechou a porta e passeou pelo quarto, nervosa. Porque a fechara ali? Porque não a deixava em paz?
Não, ela não teria paz até André aceitar um acordo a respeito do seu filho. Ainda que, tendo em conta quem ela era, soubesse que a odiaria quando descobrisse. E o que seria do bebé?
Não tinha a menor dúvida de que insistiria em ter um papel fundamental na vida do seu filho. E na dela também?
Se fosse sincera consigo própria, tinha de reconhecer que queria o conto de fadas completo: constituir uma família com um homem maravilhoso que a amasse.
Queria André.
Ele achava que era a amante de Peter, o seu inimigo. O que tencionava fazer com ela? O que faria quando descobrisse a verdade?
O fascínio perigoso que sentia por ele não tinha explicação. Na verdade, detestava a sua infidelidade, a sua arrogância, as suas contínuas intenções de pegar no que queria sem pensar nos seus sentimentos.
Levou uma mão à barriga e sentiu que os seus olhos se enchiam de lágrimas. André já fazia parte dela, no filho que os uniria para sempre, mas que futuro os esperava? Encontrariam uma forma de resolver as suas divergências pelo bem do bebé?
André era demasiado dominante.
Demasiado viril.
Demasiado viciante para os seus sentidos.
Ela precisava de relaxar, de desabafar a tensão que a dominava e de procurar o equilíbrio emocional para poder enfrentá-lo.
Aproximou-se do terraço e viu a piscina enorme que havia no meio dos jardins.
Não sabia se tinha de jantar com André ou sozinha no seu quarto. A verdade era que não tinha a certeza de nada, mas pensou que tinha tempo para nadar na piscina.
Rebuscou na mala e encontrou um simples fato-de-banho cor de coral. Dentro de pouco tempo, a sua gravidez não lhe permitiria vestir uma coisa tão reveladora, pensou, portanto, bem podia aproveitar aquela oportunidade.
Sem se dar tempo para pensar, vestiu um fato-de-banho e viu-se ao espelho. Ainda não se notava nada.
Da casa de banho tirou uma toalha e embrulhou-se nela em jeito de pareo.
Por um instante, permaneceu imóvel, ouvindo, receando que André aparecesse de um momento para o outro.
Ou pior. Que a abraçasse, beijasse e derrubasse todas as suas defesas.
Mas não viu nem ouviu ninguém. Sem fazer barulho, correu pela