Vampiros Gêmeos. Amy Blankenship

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Vampiros Gêmeos - Amy Blankenship


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que sua fúria transbordasse, mas soube que fracassou quando ouviu o espelho do banheiro quebrar.

      Tadamichi o acusou de se esconder do mundo, mas isso não era verdade.

      "É Tadamichi quem escolheu esse caminho," pensou ele de forma sombria. "Ele não pode ver a destruição que ele está causando. A noite já não é escura e nem silenciosa." Hyakuhei desligou o chuveiro e saiu, sem se preocupar em envolver uma toalha em volta de sua forma esguia. Em vez disso, ele pegou o suave pano preto e começou a secar seus longos cabelos de ébano. Dentro de momentos ele estava vestido e pronto para a noite.

      Voltando para sua janela na sala de estar, sentou-se no peitoril e olhou para o panorama.

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      Hyakuhei sorriu para o seu humor negro e olhou para o lado oposto do edifício.

      "A escuridão está viva com demônios Irmão. Essa cidade com seus altos muros fez isso," ele meditou em voz alta.

      *****

      Yuuhi reapareceu no centro da cidade minutos antes do amanhecer. Ele já podia sentir o calor do sol em sua pele e acelerou seu ritmo em direção ao Grand Hotel no centro da metrópole. Sob as massivas instalações de cinco estrelas escondidas do mundo ficava a residência subterrânea do seu senhor. Era tão bonito abaixo do solo quanto o que abrigava os seres humanos acima... seu senhor havia arranjado para que assim fosse.

      Yuuhi atravessou as portas da frente do Grand Hotel e atravessou o saguão. Ignorando a saudação amigável da humana atrás do balcão, Yuuhi atravessou a porta que dizia "manutenção". Atravessando até o porão, ele entrou no elevador de manutenção que o levaria ao nível do sub-subterrâneo. De lá, era a abertura da passagem escondida que o levaria ao seu mestre.

      Sentindo a escuridão perto dele como um cobertor protetor, a criança de cabelo platina correu pelos túneis sinuosos como se estivesse tentando escapar da escuridão... ou acompanhá-la.

      Yuuhi era um dos poucos privilegiados permitidos na alcova privada de Tadamichi... apenas os que Tadamichi tinha gerado pessoalmente eram autorizados. O garotinho tinha sido um dos primeiros de Tadamichi e o vínculo que o mantinha fiel era o que o levara a avisar o mestre sobre a menina... e o poder que ela possuía. O vínculo também lhe permitia sentir os estados emocionais de seu mestre, o que podia ser problemático às vezes.

      Ele podia sentir que o Mestre Tadamichi estava com raiva e sabia a causa por trás daquela raiva... Hyakuhei. Somente o irmão gêmeo do mestre poderia provocar esse tipo de reação. Ciúme e rejeição podiam ser perigosos com alguém tão poderoso.

      Yuuhi silenciosamente passou para os aposentos de Tadamichi, mas ficou na sombra para observar seu mestre. O garoto era paciente e sabia aguardar a tempestade da raiva de seu mestre.

      Tadamichi olhou para seu reflexo no Espelho das Almas e desviou o olhar com um silvo irritado. Seu irmão havia quebrado o vínculo entre suas mentes... banindo-o mais uma vez. Toda oportunidade que Tadamichi escolhia para falar com seu irmão era terminada de forma bastante abrupta, irritando-o. Ele estava começando a acreditar que seu vínculo nunca voltaria ao que havia sido.

      Os séculos longe uns dos outros não foram uma punição suficientemente longa? Hyakuhei sempre ficaria longe?

      Ao ver o movimento nas sombras, Tadamichi agitou com raiva a mão em sua direção... cada híbrido dentro de sua sala e a mil metros de sua solidão queimaram espontaneamente... deixando para trás um cheiro de enxofre no ar. Não haveria testemunhas da rejeição de seu irmão. No entanto, ele virou a cabeça na outra direção e repousou os olhos no único de seus filhos em que ele confiaria seu segredo.

      Ignorando Yuuhi por um momento, Tadamichi caminhou lentamente pela sala e ficou de pé em frente a um retrato, as mãos cruzadas atrás de suas costas. Quando os gritos e as chamas se apagaram, Tadamichi continuou a encarar a pintura como se nada estivesse faltando.

      A pintura fora criada muito antes das guerras medievais terem ocorrido... antes de sua guerra civil. Poder-se-ia imaginar que era um autorretrato que mostrava duas personalidades. Na verdade, era ele e seu irmão... tão difícil de diferenciá-los. Como eles podiam ser tão parecidos... e tão diferentes? Seu irmão nunca aprendera o significado do amor... a dor da rejeição?

      Tadamichi passou a ponta dos dedos sobre a imagem de seu irmão, suas sobrancelhas franzindo um pouco antes de seu rosto se contorcer de raiva. Ele de repente atacou a pintura em um movimento tão rápido que era praticamente invisível. A imagem ficou ali por um momento, então, lentamente, um rasgo irregular apareceu... cortando os gêmeos, separando um do outro. O pano do retrato caiu ligeiramente ao lado e a expressão de Tadamichi de repente mostrou tristeza.

      Colocando as palmas das mãos contra a pintura, Tadamichi juntou-os por um momento antes de deixá-los cair.

      Seu amor por Hyakuhei era incalculável. Tadamichi simplesmente queria que Hyakuhei estivesse ao seu lado para compartilhar essa existência maravilhosa. "Por que você abandonou a mim e a vida que poderíamos ter?" Ele perguntou em silêncio e sentiu o frio de ter feito a mesma pergunta para outro que não o seu irmão. Ele puxou a memória para dentro de si, recusando-se a remoê-la.

      Yuuhi saiu da sombra detrás dele, sentindo a melancolia de seu mestre. Ele ficou surpreso que seu pai pudesse se sentir tanto assim por seu irmão quando ele mesmo mal sentiu uma pontada quando a menina matara seus irmãos apenas algumas horas antes.

      "Então, você os perdeu?" Tadamichi perguntou, nunca tirando os olhos da imagem de seu irmão.

      Yuuhi assentiu sabendo que Tadamichi podia ver seus pensamentos. Um pedaço de mármore branco apareceu em sua visão periférica e ele virou a cabeça em direção a ele. Seu olhar parecia quase pensativo enquanto olhava para as estátuas à esquerda. Virando lentamente em círculo, ele olhou para cada uma, uma a uma. Elas estiveram aqui por tanto tempo quanto Yuuhi era capaz de lembrar, mas ele nunca havia perguntado sobre elas.

      "Uma menina," sussurrou Yuuhi, perguntando-se por que um mestre demoníaco teria estátuas de anjos. Era estranho... ele sempre pensou assim. Os anjos eram lindos até mesmo para os olhos de Yuuhi e ele se perguntava se criaturas como estas poderiam ter existido nesta terra.

      "Vou contar-lhe a história das estátuas, meu filho." Tadamichi lentamente olhou para longe das pinturas, com curiosidade... "E você vai me contar sobre essa garota." O canto de seus lábios mostrou a sugestão de um sorriso perverso. "Vá e olhe mais de perto," ele persuadiu. "A curiosidade é uma emoção intrigante... não é?"

      Yuuhi caminhou lentamente pela sala olhando para os rostos dos homens alados... parando na frente do que mais o intrigava. Os longos cabelos que alcançavam a parte inferior das costas dele balançavam... como se estivesse no meio da batalha. A expressão que estava no rosto era muito bonita... e assustadora. Para o que o anjo lutava tanto? Qual teria sido o prêmio?

      As mãos de pedra se agarravam a uma espada que estava em um movimento descendente e Yuuhi estendeu a mão para deslizar o polegar nela... recolhendo-a rapidamente quando uma pequena e fina linha de sangue brotou no polegar.

      Tadamichi estava, de repente, ao lado dele, levando a lesão a seus lábios para sugar o sangue do dedo do menino. Sabendo que Yuuhi era uma criança de poucas palavras e menos emoções ainda, Tadamichi soltou a mão e assentiu com a cabeça para a estátua. "Esta estátua... Kyou e sua espada da destruição," ele fechou os olhos ao se lembrar dos guardiões, "Adversários muito poderosos... todos eles."

      Yuuhi se virou para o mestre e esperou pacientemente.


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